Kfir Block 60 poderão chegar em 2015 a Buenos Aires
Área Militar
As alegadas negociações entre o governo de Israel e o governo da Argentina, para a aquisição de um lote de 18 caças Kfir [1] pelo governo de Buenos Aires, estão a deixar o governo britânico preocupado, ao ponto de o primeiro ministro daquele país europeu, ter enderaçado a Israel um pedido para que informe Londres, sobre que tipo de equipamentos e sistemas electrónicos estarão instalados a bordo das aeronaves que a Argentina pretenderá adquirir.
Sabe-se que desde Agosto de 2013, que surgiu a possibilidade de a Argentina adquirir aeronaves e os contactos preliminares entre Israel e a Argentina terão começado entre Agosto e Setembro de 2013, mas só mais recentemente é que terá sido possível determinar que o teor dos contactos entre as duas partes versava sobre a aquisição de uma versão bastante moderna do caça Kfir (Block 60).
O caça Kfir foi desenvolvido em Israel, num momento crítico. O país já tinha começado a produzir localmente o Mirage numa versão local chamada «Nesher», mas a França, pressionada pelos países árabes cancelou a licença para o fornecimento de motores.
Sem outra opção, Israel desenvolveu o Mirage com a inclusão de um motor americano da General Electric. Nasce assim o Kfir, cuja principal característica resulta de ser um caça francês com motor fabricado nos Estados Unidos.
Colaboração de longa data
Não é a primeira vez que a Argentina e Israel negociam a compra de armas. Durante a década de 1970, Israel forneceu à Argentina vários caça-bombardeiros Nesher, equivalentes aos Mirage-5 e foram muitos destes caças que foram utilizados contra os britânicos durante a guerra das Malvinas.
A vitória britânica resultou essencialmente da maximização dos meios disponíveis, pois em teoria a força aérea argentina tinha condições para controlar o ar.
No entanto, os caças não possuíam por exemplo capacidade para reabastecimento em voo, pelo que os Mirage argentinos apenas podiam sobrevoar as Malvinas durante curtos períodos, o que acabou por levar a que os britânicos controlassem o ar o que foi determinante para a vitória final.
A Grã Bretanha, possui hoje nas Malvinas um pequeno destacamento equipado com quatro caças «Typhoon-II» armados com os mais modernos sistemas de armas ao serviço da Grã Bretanha.
O destacamento militar britânico nas Malvinas, condiciona tremendamente qualquer tentativa argentina para voltar a tomar as ilhas, mas a aquisição por Buenos Aires de aeronaves modernas (que até ao momento não possui) pode complicar as contas dos militares britânicos.
Pressões sobre Israel
O governo de David Cameron, está a pressionar o executivo de Israel, para que informe sobre as características e sistemas que estarão incluídos no pacote em negociação com os argentinos.
Os caças agora negociados estão muito melhor equipados que os Mirage espanhóis que também estiveram em negociação, mas que teriam que ser fornecidos sem muitos dos seus sistemas electrónicos, onde muitos dos protocolos são de utilização exclusiva de países da OTAN e que por isso não poderiam ser fornecidos à Argentina.
Os caças da força aérea de Israel, que se encontram na situação de reserva, possuem entre outros sistemas, um moderno radar fixo, do tipo AESA, com capacidades que nem sequer estão disponíveis nos caças Typhoon-II que os britânicos têm nas Malvinas.
Só isso, é suficiente para deixar os britânicos preocupados, adiantam analistas militares.
No entanto, não é a primeira vez que nos últimos anos os argentinos têm feito aproximações no mercado internacional para a aquisição de aeronaves, que posteriormente não têm evolução. A Argentina já considerou a aquisição de vários caças da Espanha e também de caças franceses e até MiG-29, Su-27 russos e JF-17 chineses.
Os problemas financeiros que continuamente têm afetado o país nos últimos anos e o estado de relativo abandono a que os governos argentinos têm votado as antigamente orgulhosas forças armadas argentinas, também permitem concluir os militares argentinos têm que apresentar argumentações muito fortes para conseguir a libertação das verbas necessárias.
Mas os analistas afirmam que a argumentação dos militares da força aérea da Argentina tem vindo a ganhar pontos. Por um lado a necessidade de manter alguma capacidade de pressão sobre os britânicos nas Malvinas, única forma de continuar a dar credibilidade às exigências do governo de Buenos Aires, a obsolescência e quase fim-de-vida útil das aeronaves de combate da força aérea do país, e recentemente a decisão do Brasil de adquirir 36 caças de combate Gripen E/F, muito superiores a qualquer aeronave ao serviço na Argentina.
[1] – Kfir ou «pequeno leão» em hebraico, foi o nome que em Israel se deu a uma versão localmente modificada do caça Mirage francês.