O treinamento e o intercâmbio de militares, bem como a cooperação técnica e industrial no setor de defesa foram os principais pontos da reunião bilateral entre o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o secretário de Defesa e do Desenvolvimento Urbano do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa
Ministério da Defesa
Brasília 15/01/2014 – O treinamento e o intercâmbio de militares, bem como a cooperação técnica e industrial no setor de defesa foram os principais pontos da reunião bilateral entre o ministro da Defesa, Celso Amorim, e o secretário de Defesa e do Desenvolvimento Urbano do Sri Lanka, Gotabaya Rajapaksa, ocorrido hoje (15), em Brasília. De imediato, Amorim e Rajapaksa acordaram a indicação, por exemplo, de militares para participarem dos cursos oferecidos pelo Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil (CCopab), situado no Rio de Janeiro.
Amorim explicou que os cursos de maior duração, como aqueles ministrados pela Escola Superior de Guerra (ESG), e os do Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), podem ser programados para receberem militares graduados do Sri Lanka a partir de 2015. Ao mesmo tempo, oficiais brasileiros poderiam participar de atividades em escolas das Forças Armadas do Sri Lanka. Rajapaksa explicou que o país recebe militares de países africanos e que a integração com o Brasil seria de extrema importância para estreitar a parceria bilateral.
Reunião bilateral
Gotabaya Rajapaksa iniciou a visita oficial ao Brasil pelo Rio de Janeiro. Na capital fluminense, a delegação conheceu o Arsenal de Marinha e as dependências da Empresa Gerencial de Projetos Navais (Emgepron). Hoje à tarde, o secretário e seus auxiliares terão encontro no Quartel General do Exército, em Brasília.
No Ministério da Defesa, Rajapaksa foi recebido com honras militares e, após passar em revista às tropas, seguiu com o ministro Amorim para o gabinete onde ocorreu uma conversa reservada. Depois, Amorim e o secretário tomaram parte da reunião ampliada. Na saudação inicial, o ministro deu ênfase à importância do fortalecimento da cooperação entre os dois países.
Amorim lembrou que quando exerceu o cargo de Ministro das Relações Exteriores, no governo do presidente Lula, sugeriu que o governo brasileiro reabrisse a embaixada em Colombo, capital do Sri Lanka. O ministro justificou o empenho como forma de destacar a parceria bilateral. Ele lembrou que a partir de 2008 o comércio vem se intensificando a ponto de a balança comercial registrar incremento de quase 300%.
Em seguida, o ministro apresentou as principais participações do Brasil no cenário internacional, como a aproximação com os países africanos, a criação da União das Nações Sul-americanas (Unasul) e o Conselho de Defesa, no âmbito da Unasul. “Esse conselho tem sido muito útil para garantirmos a paz”, destacou Amorim.
Na apresentação, o ministro tratou também de programas e projetos desenvolvidos pelas Forças Armadas, como o anúncio recente da escolha dos caças da empresa sueca Grippen NG, do KC-390 – avião cargueiro que substituirá o Hércules – o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteira (Sisfron), do carro de combate Guarani, a construção de submarinos – sendo um a propulsão nuclear -, e o Sistema de Gerenciamento da Amazônia Azul (SisGAAZ).
Sri Lanka
Após a manifestação do ministro Amorim, Rajapaksa fez relato sobre o cenário político e econômico do país nas últimas três décadas. Segundo ele, “o Sri Lanka passou por período de terrorismo” que resultou na morte de cidadãos civis e militares “Tivemos no período 30 mil soldados mortos em ação e 90 mil civis perderam suas vidas em ataques e outros 35 mil ficaram incapacitados”, explicou.
Segundo ele, num único ataque foram destruídos 22 aviões, além de refinarias de petróleo e do centro econômico em Colombo, capital do país. O confronto se deu com o grupo rebelde Tigres de Libertação da Pátria Tâmil. Atualmente, a situação começou a se normalizar com a chegada de indústrias e o crescimento do setor de turismo. Na área de defesa, o secretário manifestou interesse em fortalecer a cooperação com as Forças Armadas, especialmente, em exercícios militares.
Em seguida, o ministro Amorim pediu que os comandantes da Marinha, almirante Julio Soares de Moura Neto; do Exército, general Enzo Martins Peri; e da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, além do chefe do Estado Maior Conjunto (EMCFA), general José Carlos De Nardi, colocassem os principais pontos nas respectivas áreas de interesse. O encontro bilateral foi concluído com a formalização de documento que formaliza a parceria de ambos países.