O Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL, ligado à rede terrorista Al Qaeda) sofreu uma importante derrota no campo de batalha
Correio Braziliense
Depois de convocar os seguidores para que "aniquilassem" os rebeldes sírios e a Frente Al-Nusra, braço oficial da Al Qaeda na Síria, o Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL, também ligado à rede terrorista) sofreu uma importante derrota no campo de batalha. O grupo perdeu sua última base na estratégica cidade de Aleppo depois de uma ofensiva promovida por insurgentes moderados, que o declararam inimigo. Ontem, o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH) informou que Aleppo estava praticamente livre dos extremistas. "Os combatentes de diferentes brigadas islamitas tomaram o controle do antigo hospital para crianças, no bairro de Qadi Askar (centro), que antes era o quartel-general do EIIL na cidade", reportou o OSDH.
Ainda segundo a organização não governamental, dezenas de pessoas que tinham sido detidas pelos extremistas em um hospital foram libertadas. Confrontos também foram registrados na cidade de Raqqa, um dos redutos dos jihadistas no país e onde forças moderadas realizaram avanços. Durante a madrugada, um carro-bomba explodiu perto de uma base rebelde na cidade de Tal Abyad, ao norte de Raqqa e próximo à fronteira com a Turquia. Rebeldes sírios declararam o EIIL inimigo devido aos supostos abusos cometidos pelo grupo, que também luta pela deposição do ditador Bashar Al-Assad.
Pelo menos 336 pessoas morreram desde o início dos confrontos entre insurgentes e extremistas, na última sexta-feira. Em paralelo aos confrontos entre oposicionistas, dois jornalistas suecos que eram considerados desaparecidos foram soltos por um grupo armado não identificado, informou o embaixador da Suécia no país, Niklas Kebbon.
Na noite de terça-feira, o porta-voz do EIIL, Abu Mohamed Al-Adnani, pediu que os combatentes do grupo na Síria "aniquilem totalmente" os demais rebeldes e "acabem com a conspiração em seu nascimento". "Nenhum de vocês (rebeldes) sobreviverá. Faremos de vocês um exemplo para todos os que pensam em seguir o mesmo caminho", declarou Al-Adani, em uma gravação de áudio. Embora tenha adotado um tom mais brando ao se referir à Frente Al-Nusra, o líder jihadista considerou a posição neutra do grupo na disputa "uma punhalada pelas costas".
Conferência
Os confrontos entre oposicionistas moderados e o grupo ligado à Al-Qaeda ocorrem às vésperas da conferência de paz, cujo início está marcado para dia 22, na Suíça. Ontem, a assembleia geral da Coalizão Nacional da Oposição adiou para 17 de janeiro a decisão sobre a participação de representantes da insurgência no encontro. Antes da reunião, em Istambul, o Conselho Nacional Sírio (CNS) declarou que não participaria da conferência. Os chanceleres dos 11 países que compõem o grupo Amigos da Síria — Estados Unidos, Reino Unido, França, Alemanha, Itália, Turquia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Catar, Egito e Jordânia— devem se reunir com o presidente da coalizão opositora, Ahmad Jarba, no próximo domingo, em Paris.
Prova da barbárie
Um vídeo divulgado pelo grupo de ativistas Shahba Press, depois da tomada do quartel-general do Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL), em Allepo, mostra nove corpos de vítimas de execuções, supostamente cometidas pelos jihadistas. Nas imagens, corpos de homens vestindo apenas as roupas íntimas aparecem com os olhos vendados e as mãos atadas, deitados sobre poças de sangue, e com ferimentos na cabeça causados por tiros. "São atos do EIIL. As vítimas são apóstatas? Não, são muçulmanas", afirma o cinegrafista.