Os países-membros da Organização para a Cooperação de Xangai (SCO, na sigla em inglês) defenderam a iniciativa russa de influenciar o governo síria a colocar o seu armamento químico sob controle internacional. Além da Rússia, a SCO é composta por Cazaquistão, Quirguistão, China, Tadjiquistão e Uzbequistão.
Como era de se esperar, um dos temas centrais da cúpula da Organização para a Cooperação de Xangai, que começou na capital quirguiz Bishkek nesta sexta-feira (13), girou em torno dos planos para solucionar o impasse na Síria.
Durante a reunião, o presidente do Quirguistão e anfitrião da presente cúpula, Almazbek Atambáiev, manifestou preocupação os desdobramentos do conflito. “Nós expressamos a nossa profunda preocupação e acreditamos que só podemos resolver isso por meios pacíficos e com a mediação da ONU”, disse ele.
Atambaiev recebeu o apoio do presidente do Cazaquistão, Nursultan Nazarbáiev. “O Cazaquistão se preocupa com o uso de armas químicas na Síria, mas as chances de uma solução diplomática para o problema ainda não se esgotaram. Apoiamos a iniciativa russa no que se refere à transferência das armas químicas para o controle internacional”, declarou o líder cazaque. “Com a paz na Síria, o mundo inteiro ganhará paz”, continuou Nazarbáiev. A posição russa foi igualmente elogiada pela China.
Pútin aproveitou para reiterar que Moscou considera inadmissível qualquer intervenção militar na Síria fora do âmbito das sanções da ONU. “Os esforços diplomáticos permitiram reduzir a ameaça imediata. A Síria é a partir de hoje um membro pleno da Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas”, afirmou, acrescentando que isso confirma as intenções do governo sírio de colocar o armamento químico sob controle internacional.
“Os Estados-membros apoiam uma superação rápida da crise na Síria pelos próprios sírios, mantendo a soberania da República Árabe da Síria, a cessação da violência no país, o lançamento de um amplo diálogo político entre as autoridades e a oposição sem condições prévias com base no comunicado de Genebra de 30 de junho de 2012”, diz a declaração final da SCO.
Democracia à prova
Nesta quinta-feira (12), o presidente russo se dirigiu diretamente aos cidadãos norte-americanos por meio de um apelo feito nas páginas do jornal “The New York Times”. Em uma carta aberta, Pútin questionou o posicionamento do presidente dos EUA, Barack Obama.
“Na consciência de milhões de pessoas em todo o planeta, os EUA são cada vez mais visto não como um modelo de democracia, mas como um jogador que aposta, exclusivamente, na força bruta, jogando em cada situação concreta na cara da coalizão o slogan ‘Quem não está com a gente, está contra nós’”, declarou.
Apelando mais uma vez para a contenção norte-americana no que se refere a bombardear a Síria, Pútin ressaltou que, “por mais certeiros e cirúrgicos que sejam os ataques, as vítimas civis e a escalada do conflito são inevitáveis”.