DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Rússia enviou nesta quarta-feira um segundo navio militar ao leste do mar Mediterrâneo, próximo à costa da Síria, segundo a agência de notícias estatal Interfax. O novo movimento de Moscou acontece em meio à preparação dos Estados Unidos para uma intervenção militar no país árabe.
Washington pretende agir em retaliação contra o regime do ditador Bashar al-Assad, que passa por conflito armado contra rebeldes há dois anos e meio. Para os americanos, as tropas do governo sírio fizeram um ataque com armas químicas na periferia de Damasco, em 21 de agosto.
Segundo relatório da inteligência americana, a ação deixou 1.429 mortos, sendo 426 crianças, o que poderia ser o pior incidente com armas químicas em 25 anos. Além dos Estados Unidos, a França diz também ter informações sobre o ataque que, para Paris, causou 281 mortes.
A Interfax informou que o navio Moskva, que intercepta mísseis, foi enviado ao Mediterrâneo para participar de operações da Marinha na região que Moscou diz ser necessária "para proteger o interesse nacional". A embarcação deverá chegar perto da costa síria em dez dias.
Além dele, um destróier e uma fragata que estavam na frota do mar Negro foram enviadas ao Mediterrâneo na semana passada. A Rússia é o aliado mais importante do regime sírio e insiste que o conflito deva ser resolvido de forma diplomática.
Moscou também acusa os rebeldes de terem feito o ataque químico para tentar prejudicar o regime de Assad ante os inspetores da ONU, que estavam no terceiro dia de visita ao país quando ocorreu o suposto ataque. O uso de armas químicas foi colocado por Obama como condição para intervir no conflito.
APOIO
O presidente americano busca nesta semana o apoio do Congresso para aprovar a ação armada, o que deve acontecer em votação após o fim do recesso dos legisladores, na próxima segunda (9). Os líderes dos partidos republicano e democrata no Senado e na Câmara já respaldaram a intervenção.
Nesta quarta, será a vez da Comissão de Relações Exteriores do Senado americano avaliar o tema. A França afirma que também participará da intervenção, caso os legisladores americanos a aprovem. Mais cedo, o chanceler francês, Laurent Fabius, disse que a ação armada é necessária para "equilibrar a situação" na Síria.
"Se não houver sanção política, Assad continuará a dizer que está tudo bem com o país e seguirá com o que está fazendo", afirmou Fabius, que anunciou a intenção de discutir a crise síria na cúpula do G20, em São Petesburgo.
"Vamos discutir o assunto com os russos, apesar de terem bloqueado coisas até hoje. Seria muito desejável que houvesse uma evolução".
O Reino Unido e a Turquia defenderam o ataque contra Bashar al-Assad. Em discurso no Parlamento, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, afirmou que o ditador voltará a usar armas químicas se não houver uma ação americana.
"Obama colocou um limite bem claro, de que deve ser feito algo contra o uso de armas químicas em grande escala. Para pedir ao presidente dos Estados Unidos, que fez esse alerta, para voltar atrás, penso que seria uma sugestão muito arriscada porque o regime faria novos ataques químicos".
Já o primeiro-ministro turco, Tayyip Erdogan, deu apoio a uma coalizão internacional contra a Síria, embora não tenha dito se participará de uma intervenção. "Nós dissemos que estamos prontos para participar de qualquer tipo de coalizão, e buscamos uma coalizão de voluntários".