A Rússia entregou nesta quarta-feira (11) aos Estados Unidos o plano para colocar o arsenal de armas químicas sírias sob controle internacional, informaram agências de notícias russas.
"Entregamos aos americanos um plano para colocar as armas químicas sírias sob controle internacional, esperamos poder debater isto em Genebra, onde estão reunidos diplomatas dos dois países", disse uma fonte da delegação russa.
A Casa Branca confirmou que representantes dos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU (EUA, Reino Unido, França, China e Rússia) se encontrarão ainda nesta quarta-feira em Nova York para discutir o caso sírio.
Está prevista ainda uma reunião bilateral entre o secretário de Estado norte-americano, John Kerry, e o chanceler russo, Sergei Lavrov, nesta quinta-feira (12) em Genebra.
Uma fonte russa em Genebra, citada pela agência de notícias Itar-Tass, indicou que esta reunião pode durar vários dias.
"O encontro deve ter início na quinta-feira e ser concluído na sexta, mas poderá se estender até sábado", declarou a fonte.
Segundo a porta-voz do Departamento de Estado Jen Psaki, o objetivo do encontro será "ouvir dos russos suas ideias" e "avaliar se elas atendem a nossos resquisitos para a entrega e destruição das armas químicas".
Kerry estará acompanhado de uma delegação de especialistas americanos. A delegação russa, por sua vez, também terá uma equipe de especialistas.
Psaki explicou ainda que as negociações em torno de uma resolução da ONU prevendo a entrega do arsenal químico sírio ocorrerão separadamente em Nova York. "O secretário [Kerry] não vai negociar ou discutir os termos de uma resolução do Conselho de Segurança da ONU nesses dias."
Em Genebra, Kerry se encontrará também com o enviado da ONU para a Síria, Lakhdar Brahimi.
A Rússia anunciou ter proposto aos seus aliados sírios colocar sob controle internacional seus estoques de armas químicas, uma proposta aceita por Damasco.
Lavrov "tem ideias interessantes sobre os meios que podem nos levar a esta proposta", afirmou nesta quarta-feira John Kerry, que fez essas declarações durante um fórum online: "Se nós pudermos realmente neutralizar todas as armas químicas da Síria por este meio, seria claramente o meio mais adequado, e de longe, uma verdadeira conquista", afirmou.
Os Estados Unidos, no entanto, permanecem reticentes sobre o êxito desta empreitada, e reafirmaram, junto à França, seu compromisso militar de intervir militarmente contra o regime sírio se os esforços diplomáticos fracassarem.
Os presidentes americano, Barack Obama, e francês, François Hollande, temem que esta guinada na situação síria se trate de uma manobra para adiar um possível ataque, mas não podem rejeitar a mão que Damasco e seu aliado russo estão estendendo.
A França seguirá "mobilizada para punir a utilização de armas químicas por parte do regime sírio e dissuadir o país de reincidir", anunciou o presidente francês ao final de um conselho de defesa.
Durante esta reunião, Hollande "ressaltou a determinação da França de explorar todas as vias no Conselho de Segurança das Nações Unidas para permitir, o quanto antes, um controle efetivo e verificável das armas químicas presentes na Síria", afirma um comunicado.
Essas declarações foram feitas um dia após o discurso de Obama, que considerou a proposta russa de submeter as armas químicas ao controle internacional como um sinal de esperança.
Obama pediu ao Congresso que adie a votação de autorização de uma ação militar contra a Síria.
Já o guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, um fiel aliado do regime sírio, anunciou que espera que a decisão de Washington de aguardar os resultados da proposta russa seja séria. (Com AFP)