Por iG São Paulo
Os inspetores responsáveis por rastrear o estoque de armas químicas e verificar o plano de destruição planejam iniciar seus trabalhos na Síria na terça-feira (1º). Eles terão como desafios um apertado prazo, além de ter que trabalhar no meio de uma zona de guerra, de acordo com um projeto de decisão obtido nesta sexta-feira (27) pela agência Associated Press.
A decisão é importante para qualquer resolução na ONU sobre o programa de armas químicas na Síria. Os cinco membros permanentes do dividido Conselho de Segurança da ONU alcançou um acordo na quinta-feira sobre uma resolução para eliminar as armas químicas do país. A votação da resolução depende de quão breve a Organização para a Proibição de Armas Químicas, que deverá se encontrar na noite de sexta-feira na sede em Haia, adote um plano para o controle e destruição do estoque sírio.
O projeto de resolução, acordado pela Rússia, China, EUA, França e Reino Unido inclui duas exigências legalmente vinculativas - que a Síria abandone suas armas químicas e que permita o acesso irrestrito dos especialistas em armas químicas.
Se a Síria não cumprir o acordo, a resolução indica que o Conselho de Segurança precisará adotar uma segunda resolução para impor uma possível ação militar e outras ações contra Damasco.
Entretanto, após dois anos e meio de paralisia, o acordo representa um avanço para o Conselho de Segurança e uma rara união entre Rússia, que apoia o regime do presidente Bashar al-Assad , e os EUA, que estão do lado da oposição.
A proposta que será discutida na sexta-feira pela Oganização para a Proibição das Armas Químicas permitiria que os inspetores entrem em qualquer local suspeito de possuir armas químicas, mesmo que o governo sírio não identifique o local. Isso dá aos inspetores uma autonomia ampla e inédita.
O projeto pede que o conselho executivo da organização comece as inspeções "o mais cedo possível e não mais tarde que" terça-feira, e isso estabelece a meta de destruir todas as armas químicas da Síria e equipamentos e tecnologia até o primeiro de semestre de 2014 .
Em uma indicação do tamanho da tarefa que possui pela frente, a organização pediu doações para financiar o desarmamento, dizendo que terá que contratar novos inspetores de armas e especialistas químicos.
Uma vez que o plano seja aprovado, Damasco terá uma semana para dar informações detalhadas sobre seu arsenal, incluindo os nomes e as quantidades de todos os agentes químicos em seu estoque; o tipo e a quantidade de munições que podem ser usadas para disparar armas químicas e a localização das armas, das instalações de armazenagem e de produção. A destruição de todas a produção de armas químicas e equipamentos deve ser completada até no máximo 1º de novembro.
A decisão pede que a Síria "coopere completamente com todos os aspectos de implementação dessa decisão" e deixe os inspetores examinar as localizações que escolherem.
A pressão diplomática para alcançar um acordo sobre a Síria teve início em 21 de agosto, quando um ataque químico matou centenas de civis em um subúrbio de Damasco. Após o ataque, o presidente dos EUA, Barack Obama, ameaçou fazer um ataque militar em retaliação.
Quando o secretário de Estado americano, John Kerry, afirmou que a Síria poderia evitar um ataque dos EUA entregando "todas as suas armas químicas" para o controle internacional, a Rússia rapidamente concordou com o plano.
Kerry e o chanceler russo, Sergei Lavrov, assinaram um acordo em Genebra em 13 de setemrbo para colocar as armas químicas sírias sob controle internacional para posterior destruição. O governo Assad aceitou o acordo e rapidamente assinou o Tratado de Não Proliferação de Armas Químicas , que é supervisionado pela Organização para Proibição de Armas Químicas, em Haia.
A guerra na Síria começou em março de 2011 e já ceifou mais de 100 mil vidas e forçou 2 milhões a se refugiar, segundo a ONU.
Com AP