BBC Brasil
"Queremos uma ação limitada e proporcional que enfraqueça as capacidades (militares) do (presidente sírio Bashar) al-Assad", disse Obama, em conversa com líderes do Congresso americano.
"Ao mesmo tempo, temos uma estratégia mais ampla que nos permitirá aumentar as capacidades militares da oposição (...), criando pressão política, diplomática e econômica para uma transição que traga paz não só para a Síria como para a região."
Obama decidiu intervir na Síria alegando ter provas de que o regime Assad atacou sua própria população com armas químicas. Mas o presidente americano pediu que uma intervenção tenha o aval do Congresso - que deve votar a medida ao voltar do recesso, na semana que vem.
Iraque e Afeganistão
O presidente ressaltou que a intervenção "não será como no Iraque ou no Afeganistão, (porque) não envolve soldados em campo".
"Mandaremos uma mensagem não apenas ao regime Assad, mas a outros interessados em testar normas internacionais (sobre o uso de armas químicas), de que isso traz consequências."
Nesta terça, congressistas farão uma reunião confidencial a respeito do assunto. O secretário de Estado, John Kerry, e o secretário de Defesa, Chuck Hagel, falarão pertante a Comissão de Relações Exteriores do Senado.
Dois líderes de oposição cujo apoio é considerado crucial para que o Congresso aprove a ofensiva já manifestaram seus apoios a Obama no tema.
O presidente da Câmara dos Representantes (deputados), o republicano John Boehner, disse que apoiará o "chamado à ação" presidencial.
Por sua vez, o líder da maioria republicana na Câmara, Eric Cantor, também defendeu uma intervenção, alegando que o regime Assad "é uma ameaça direta aos interesses americanos e de seus aliados".
Obama também parece já ter conseguido o apoio de dois de seus principais críticos em política externa, os senadores republicanos John McCain e Lindsay Graham.
Entretanto, muitos temem que, ao fortalecer a oposição síria, a intervenção externa fortaleça também radicais islâmicos que estão entre os rebeldes.
Aliados
Na França, o presidente François Hollande disse estar esperando a decisão do Congresso americano e que Paris não atacará a Síria por conta própria.
Caso o Congresso negue autorização para um ataque, a França "apoiará a oposição democrática (na Síria) de forma a que haja uma resposta (a Assad)", agregou Hollande.
Israel, outro aliado americano, realizou nesta terça-feira exercícios militares conjuntos com os EUA no Mar Mediterrâneo. Os exercícios foram confirmados à BBC pelo alto escalão do Ministério da Defesa israelense.
Os exercícios são mais um sinal de que Israel leva a sério a possibilidade de que uma ofensiva militar americana seja retaliada com ataques ao território israelense - perpetrados pela Síria ou por seu aliado no Líbano, o grupo militante xiita Hezbollah.
Crise humanitária
O debate em torno de uma intervenção externa na Síria ocorre em meio a uma crise humanitária.
Segundo a ONU, chega a 2 milhões o número de sírios que se tornaram refugiados. E os mais de dois anos de guerra civil já deixaram estimados 100 mil mortos no país.
A crise chegou ao auge em 21 de agosto, quando surgiram relatos de um possível ataque com armas químicas nos arredores de Damasco.
Os EUA dizem ter provas de que o ataque matou 1,4 mil civis, incluindo mais de 400 crianças, ainda que outros países e organizações tenham contabilizado um número bem menor de mortos.
O governo sírio, por sua vez, nega o uso de armas químicas.