Israel afirmou ter feito um teste balístico com mísseis em conjunto com os Estados Unidos no Mediterrâneo. Mais cedo, a Rússia informou que um radar detectou dois "objetos" balísticos que foram lançados na direção leste do Mediterrâneo - onde fica a Síria - a partir da região central do mar, nesta terça-feira (3).
O Ministério da Defesa de Israel anunciou ter feito, junto com o Pentágono, um teste do míssil Sparrow, que simula os mísseis de longo alcance da Síria e do Irã, e é usado para exercícios com alvos para o sistema antimísseis israelense Arrow, apoiado pelos EUA.
Para o ministro da Defesa israelense, Moshe Yaalon, o lançamento não ocorreu num momento inoportuno. Ele disse que Israel tem que trabalhar para manter sua vantagem militar e "isso implica testes de campo e, consequentemente, um teste bem-sucedido foi realizado para testar os nossos sistemas. E vamos continuar a desenvolver e a pesquisar e a equipar as Forças de Defesa de Israel com os melhores sistemas do mundo."
Navios de países ocidentais têm se posicionado no Mediterrâneo e no mar Vermelho desde um ataque em 21 de agosto com armas químicas que matou centenas de civis na Síria. Os EUA acusam o presidente sírio, Bashar Assad, de responsabilidade pelo uso de gás venenoso na guerra civil que já dura dois anos e meio.
O teste israelense ocorreu por volta das 3h15 de Brasília, de acordo com o Ministério de Defesa do país. Segundo a Rússia, o lançamento dos "objetos" foi detectado às 10h16 local (3h16 de Brasília) pelos radares situados em Armavir, no litoral russo do Mar Negro, mesmo horário do teste de Israel.
A Rússia se opõe a uma intervenção militar externa na guerra civil síria, e um funcionário do Ministério da Defesa havia anteriormente criticado os Estados Unidos por mobilizarem navios militares no Mediterrâneo, perto da costa síria.
EUA estão preparados para ataque
O presidente americano, Barack Obama, afirmou no sábado (31) que, apesar de o Exército dos Estados Unidos estar preparado para atacar a Síria, em represália ao uso de armas químicas -- o que Obama classificou como grave ameaça à segurança dos EUA e das nações vizinhas ao país do Oriente Médio--, ele só daria a ordem se o Congresso americano desse o aval para isso. No entanto, os parlamentares estão em recesso e só devem retomar as atividades no próximo dia 9 deste mês.
Na segunda-feira (2), os senadores republicanos John McCain e Lindsey Graham pediram a Obama uma estratégia que não só puna o regime de Bashar Assad pelo uso de armamento químico, mas possibilite, com o tempo, o fim do regime sírio.
Ambos se mostraram de acordo com Obama que a intervenção militar na Síria não deveria requerer "tropas no terreno", mas que o ataque "limitado" que prometeu a Casa Branca deveria ser parte de uma estratégia para mudar o curso de dois anos e meio de guerra na Síria a favor da oposição.
Nesta terça, o secretário de Estado, John Kerry, e o secretário de Defesa, Chuck Hagel, vão se reunir com os membros do Comitê de Relações Exteriores do Senado para acelerar o debate legislativo.
O presidente Obama está em contato quase que diário com o presidente da França, François Hollande, discutindo uma provável ação militar na Síria coordenada com o Exército francês.
Na segunda, a inteligência francesa, a exemplo da inteligência americana, também afirmou ter provas de que o regime sírio usou armas químicas de destruição em massa contra a população.
Refugiados chegam a 2 milhões
O número pessoas que fugiram da Síria desde o começo da guerra civil no país, em março de 2011, ultrapassou nesta terça-feira os 2 milhões, de acordo com a Acnur (Agência das Nações Unidas Para Refugiados).
A situação é alarmante e representa um salto de quase 1,8 milhão de pessoas em 12 meses, de acordo com a agência. Cerca de 5.000 sírios se refugiam todo dia.
Mais de 97% dos refugiados estão abrigados em países fronteiriços, sobrecarregando a infraestrutura, economia e sociedade das nações vizinhas, informa a Acnur, que vai se reunir com representantes do Iraque, Jordânia, Líbano e Turquia nesta quarta-feira (4) em Geneva (Suiça) para discutir a crise.
O Líbano foi o país que mais recebeu refugiados cadastrados: 716 mil. Em seguida estão Jordânia e Turquia, com 515 mil e 460 mil, respectivamente. Iraque recebeu 168 mil e o Egito, 110 mil.
Outras 4,25 milhões de pessoas estão refugiadas dentro do país, informa a agência.
A atriz Angelina Jolie, enviada especial da Acnur, citou "implicações catastróficas": "Se a situação continuar a piorar neste ritmo, o número de refugiados só vai aumentar, e alguns países vizinhos podem chegar ao ponto do colapso", alerta.
O chefe da agência, António Guterres, diz que a situação na Síria se tornou uma "calamidade humanitária com sofrimento e deslocamento sem paralelos na história recente".
Em agosto, o órgão anunciou que o número de crianças refugiados havia chegado a 1 milhão.
(Com agências internacionais)