Andrei Smirnov - Voz da Rússia
Já Londres levou o caso mais a sério: os ingleses prepararam um plano de operações para as suas forças armadas. Os observadores consideram que as operações militares contra Damasco irão resultar numa guerra civil prolongada.
A declaração do presidente Obama de que o conflito sírio não tem uma solução militar tinha afinal um profundo sentido oculto. Segundo informou o The Washington Post, os EUA não querem influenciar o decorrer das operações militares na Síria e tentar derrubar pela força o regime de Bashar al-Assad. Mas a Casa Branca decidiu que o regime sírio deveria ser necessariamente castigado pelo uso de armas químicas. Esse castigo terá a forma de um “ataque limitado com mísseis”, cujos alvos serão as posições das tropas sírias e instalações da infraestrutura governamental. Os mísseis deverão ser lançados a partir dos navios que já foram posicionados junto à costa e de bombardeiros estratégicos.
O Ocidente começou a falar na possibilidade de uma intervenção militar na Síria depois de mais informações sobre o uso de armas químicas nos arredores de Damasco. As capitais europeias se apressaram a declarar que isso foi da autoria dos apoiantes de Bashar al-Assad. Essa afirmação é, no mínimo, insustentável: só um maníaco, e o presidente sírio não parece nada sê-lo, poderia realizar um ataque com gás na sua própria capital, ainda por cima com inspetores da ONU a trabalhar nessa zona. Portanto, as armas químicas são um pretexto igual ao que foi usado para a guerra no Iraque. Mas o verdadeiro alvo de Washington e dos seus aliados da OTAN não é a Síria, mas o Irã, refere o presidente do Instituto do Oriente Médio Evgueni Satanovsky.
Entretanto, as Forças Armadas do Reino Unido prepararam um plano de contingência para operações na Síria, informa a Reuters, citando um porta-voz de David Cameron. O próprio premiê britânico interrompeu as suas férias para realizar uma reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional. Anteriormente, Londres e Paris tinham declarado que estavam prontos a intervir no conflito sírio sem esperar pela resolução do Conselho de Segurança da ONU. É perfeitamente evidente que os países da OTAN não podem esperar por uma aprovação de uma intervenção militar pelo Conselho de Segurança: a Rússia e a China não irão permitir a aprovação de um documento nesse sentido.
“É evidente que uma decisão de atacar o Irã já foi tomada devido à aproximação da “linha vermelha” no problema do programa nuclear iraniano. Segundo dados dos peritos, Teerã deverá conseguir obter armas nucleares até ao verão de 2014. Até lá, e de acordo com todas as regras da ciência militar, o seu principal aliado e única ponte para o mar Mediterrâneo, que é a Síria, terá de ser destruído. Se essa decisão foi tomada, então já não é possível fazer nada.”
Contudo, não devemos esquecer uma outra “linha vermelha”. Segundo declarações das autoridades iranianas, essa será o início das operações militares contra Damasco por parte da coalizão ocidental. Teerã se reserva, nesse caso, o direito de uma resposta proporcional.
Existe, porém, uma opinião diferente. Uma guerra contra a Síria, e mais ainda contra o Irã, seria uma medida muito dispendiosa para Washington e seus aliados, considera o perito do Instituto de Estudos Orientais Aplicados russo Said Gafurov.
“O exército sírio é mais fraco que as forças armadas conjuntas da OTAN. Mas para levar a cabo uma guerra, será necessário posicionar grandes agrupamentos de forças, provavelmente em território turco. Mas os militares turcos não o querem permitir. Eu considero que isso será um jogo demasiado caro e que a OTAN não irá arriscar. Se se decidir, então terá início uma prolongada guerra de guerrilha, com um terrível derramamento de sangue, porque a maioria da população apoia neste momento Assad e porque os sírios não gostam nada que alguém tente se ingerir nos seus assuntos internos.”
Porém, parece que a OTAN já tomou o freio nos dentes. Segundo a Reuters, as potências ocidentais informaram a oposição síria que o ataque contra a Síria deverá ser esperado nos próximos dias.
A questão síria irá dominar a reunião extraordinária do Conselho do Atlântico Norte em Bruxelas que provavelmente acontecerá em 29 de agosto. A Rússia apela aos EUA e seus parceiros que se abstenham de uma pressão militar contra Damasco e que, em vez disso, ajudem a criar condições normais para o trabalho dos peritos da ONU. Todavia, fica a impressão que do outro lado do Atlântico e na Europa já não ouvem mais ninguém, senão a si próprios. Isso é compreensível: nos últimos 20 anos as “punições exemplares”, que os líderes da OTAN administravam aos regimes de que não gostavam, não tinham consequências para a Aliança. Parece que a “aliança tripartida” entre Washington, Londres e Paris está convencida que desta vez também ficará impune.
Entretanto, Paul Craig Roberts, editor associado do The Wall Street Journal, considera que uma intervenção militar dos países ocidentais na Síria irá ter consequências negativas não só na região, mas também na União Europeia. Uma vitória dos islamistas irá resultar numa emigração em massa a partir da Síria da população mais pró-europeia: dos cristãos, dos alauitas e dos sunitas urbanos e instruídos. Todas essas pessoas irão afluir para a UE.
“É evidente que uma decisão de atacar o Irã já foi tomada devido à aproximação da “linha vermelha” no problema do programa nuclear iraniano. Segundo dados dos peritos, Teerã deverá conseguir obter armas nucleares até ao verão de 2014. Até lá, e de acordo com todas as regras da ciência militar, o seu principal aliado e única ponte para o mar Mediterrâneo, que é a Síria, terá de ser destruído. Se essa decisão foi tomada, então já não é possível fazer nada.”
Contudo, não devemos esquecer uma outra “linha vermelha”. Segundo declarações das autoridades iranianas, essa será o início das operações militares contra Damasco por parte da coalizão ocidental. Teerã se reserva, nesse caso, o direito de uma resposta proporcional.
Existe, porém, uma opinião diferente. Uma guerra contra a Síria, e mais ainda contra o Irã, seria uma medida muito dispendiosa para Washington e seus aliados, considera o perito do Instituto de Estudos Orientais Aplicados russo Said Gafurov.
“O exército sírio é mais fraco que as forças armadas conjuntas da OTAN. Mas para levar a cabo uma guerra, será necessário posicionar grandes agrupamentos de forças, provavelmente em território turco. Mas os militares turcos não o querem permitir. Eu considero que isso será um jogo demasiado caro e que a OTAN não irá arriscar. Se se decidir, então terá início uma prolongada guerra de guerrilha, com um terrível derramamento de sangue, porque a maioria da população apoia neste momento Assad e porque os sírios não gostam nada que alguém tente se ingerir nos seus assuntos internos.”
Porém, parece que a OTAN já tomou o freio nos dentes. Segundo a Reuters, as potências ocidentais informaram a oposição síria que o ataque contra a Síria deverá ser esperado nos próximos dias.
A questão síria irá dominar a reunião extraordinária do Conselho do Atlântico Norte em Bruxelas que provavelmente acontecerá em 29 de agosto. A Rússia apela aos EUA e seus parceiros que se abstenham de uma pressão militar contra Damasco e que, em vez disso, ajudem a criar condições normais para o trabalho dos peritos da ONU. Todavia, fica a impressão que do outro lado do Atlântico e na Europa já não ouvem mais ninguém, senão a si próprios. Isso é compreensível: nos últimos 20 anos as “punições exemplares”, que os líderes da OTAN administravam aos regimes de que não gostavam, não tinham consequências para a Aliança. Parece que a “aliança tripartida” entre Washington, Londres e Paris está convencida que desta vez também ficará impune.
Entretanto, Paul Craig Roberts, editor associado do The Wall Street Journal, considera que uma intervenção militar dos países ocidentais na Síria irá ter consequências negativas não só na região, mas também na União Europeia. Uma vitória dos islamistas irá resultar numa emigração em massa a partir da Síria da população mais pró-europeia: dos cristãos, dos alauitas e dos sunitas urbanos e instruídos. Todas essas pessoas irão afluir para a UE.