Guila Flint
De Tel Aviv para a BBC Brasil
Nesta quarta-feira, segundo a rádio do Exército israelense, o gabinete ministerial do país autorizou a convocação parcial de reservistas no norte, que faz fronteira com o Líbano e com as colinas de Golã, ocupadas na Guerra dos Seis Dias (1967).
Israel também alocou novas unidades de defesa antimísseis no norte, como proteção a um eventual ataque perpetrado por Damasco em retaliação à ofensiva ocidental, disse à BBC um porta-voz do Exército.
A imprensa israelense acompanha de perto cada passo dos preparativos e declarações do governo americano sobre um possível ataque contra a Síria, em represália às acusações de uso de armas químicas contra civis na semana passada.
Analistas e políticos israelenses se preocupam com a possibilidade de que a operação acabe levando à queda do regime sírio.
Para o general da reserva Gadi Shamni, que foi conselheiro militar do ex-primeiro ministro Ariel Sharon, o risco é o da fragmentação do Estado sírio.
"Se Assad cair, haverá caos na Síria, (que acabará) dividida entre grupos étnicos e religiosos. Nessas circunstâncias, os Estados Unidos devem se perguntar: o que é melhor, Assad ou Al-Qaeda?", disse Shamni em entrevista à radio estatal Kol Israel.
Segundo o analista político Chico Menashe, a avaliação do governo israelense é de que a ofensiva americana será "pontual" e não terá o objetivo de derrubar o presidente sírio.
"Se Assad entender que o objetivo do ataque não é derrubá-lo, é bem provável que não reaja, para não agravar ainda mais a sua situação", opina Menashe.
Implicações para Israel
Mas a possibilidade de que Assad (ou o Hezbollah, grupo xiita libanês aliado da Síria) responda a um ataque americano atingindo Israel - o principal parceiro dos Estados Unidos no Oriente Médio – gera nervosismo no país.
Desde que a eventualidade de um ataque à Siria começou a ser mencionada pela imprensa, milhares de israelenses têm se dirigido a centros de distribuição de máscaras de gás, temerosos de que cidades israelenses sejam atingidas por mísseis ou bombas portando substâncias químicas.
O premiê Binyamin Netanyahu disse que as tropas israelenses estão "prontas" para reagir a eventuais ameaças sírias, mas pediu que a população seguisse com a vida normalmente.
Ao mesmo tempo, vários analistas argumentam que "Assad não teria interesse de atacar Israel, que tem um grande poder de dissuasão".
Porém, de acordo com Itzhak Ben Israel, diretor do programa de estudos de segurança da Universidade de Tel Aviv, "no Oriente Médio nem sempre a lógica prevalece".
"Devemos levar a sério as ameaças da Síria e fazer os preparativos necessários para tal cenário", afirmou Ben Israel, "mas considero o perigo de um ataque com armas não-convencionais quase inexistente, pois Assad sabe que a reação de Israel seria terrível".
Desconfio que Israel irá aproveitar para atacar a central nuclear do Irã durante o ataque à Síria pelos criminosos norte-americanos e seus asseclas.
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