Tribunal sentencia à prisão perpétua o general Ilker Basbug e vários outros militares por tentarem derrubar primeiro-ministro na década passada, em plano classificado pela Justiça como terrorista
Por Redação, com DW - da Turquia
A Justiça turca condenou nesta segunda-feira o general Ilker Basbug, ex-chefe das Forças Armadas, à prisão perpétua por tentativa de golpe contra o primeiro-ministro Recep Tayyip Erdogan em 2002.
O julgamento, que já durava cinco anos e expôs o abismo entre a elite laica e os islamistas do partido AKP de Erdogan, levou também a outras dezenas de condenações, ao menos 16 delas também de prisão perpétua. Outros 60 condenados receberam penas entre 1 e 47 anos de cadeia, como o repórter Mustafa Balbay, do diário de esquerda Cumhuriyet, sentenciado a 35 anos.
Ao todo, 275 réus estão sendo julgados pela trama conhecida como Ergenekon, definida como “terrorista” pelo tribunal e que veio à tona em 2007, quando armas e explosivos foram encontrados numa operação num subúrbio de Istambul.
Entre os réus estão não apenas membros da alta cúpula militar, em sua maioria defensores do Estado laico, como também jornalistas e supostos chefes do crime organizado. Apenas 21 pessoas foram inocentadas até aqui.
O general Basbug, de 70 anos, liderou a campanha militar turca contra os rebeldes do PKK durante muitos anos e é, agora, acusado de liderar ele próprio um grupo terrorista.
Os réus estavam em julgamento desde outubro de 2008, num processo que a oposição laica acusava de visar calar as críticas ao governo de Erdogan, defensor da aplicação dos princípios do islã na política.
A sentença ameaça agravar a tensão na Turquia, que, em junho, foi palco dos maiores protestos populares contra o atual governo. As manifestações representaram a maior crise para Erdogan desde que ele assumiu o poder, em 2002.