O presidente dos EUA, Barack Obama, disse nesta sexta-feira (30) que o governo americano ainda não decidiu o que fazer quanto à guerra na Síria, mas afirmou que nenhuma solução considerada envolve o envio de tropas ao país.
"Não haverá botas no chão", afirmou o presidente americano na Casa Branca, em referência à presença de soldados em solo sírio. Segundo Obama, sua equipe ainda avalia uma série de opções para a Síria, e seu diálogo com o Congresso sobre o assunto é constante.
O motivo para a reação norte-americana seria o uso de armas químicas pelo governo sírio contra civis, na semana passada.
"Não podemos aceitar um mundo no qual mulheres e crianças são vítimas de gás", defendeu.
De acordo com o presidente norte-americano, as opções são no sentido de uma ação de curta duração, que ajudaria a garantir que "não somente a Síria, mas outros no mundo entendam que a comunidade internacional se preocupa sobre o uso de armas químicas".
Obama falou logo após o secretário de Defesa americano, John Kerry, afirmar que os EUA têm provas de que o regime sírio é o responsável pelo ataque com armas químicas que matou 1.429 pessoas, sendo 426 crianças.
Dois anos e 100 mil mortos
A guerra na Síria já dura mais de dois anos e deixou milhares de mortos - mais de 100 mil, segundo a ONU. Começou na esteira da Primavera Árabe, onda de levantes populares que pediu mudanças no governo em países como Tunísia, Líbia e Egito.
Como em outros países, a reação do governo sírio foi reprimir com violência os protestos por democracia. Desde o início, a postura do regime do presidente vitalício Bashar Assad foi desqualificar os opositores como meros terroristas e culpá-los pelas mortes ocorridas nos confrontos.
Há tempos, a comunidade internacional condena o confronto na Síria e pede seu fim. Só após o ataque com gás, o Ocidente decidiu intervir independentemente da ONU. Devido à pressão internacional, um time de inspetores da ONU foi enviado ao país para investigar o local do suposto ataque. A equipe, porém, não conseguiu chegar à região: um comboio da organização teve de recuar porque foi recebido a tiros quando se aproximava da área.
Fim da linha
Há um ano, o presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou que o uso de armas químicas na guerra da Síria seria cruzar uma "linha vermelha". Já houve relatos de uso de armas químicas no conflito antes - em maio deste ano, o jornal francês "Le Monde" relatou o uso de armas químicas no país.
Foi só após o ataque de Damasco, porém, que os EUA passaram a afirmar que a Síria passou do limite. O secretário de Estado americano, John Kerry, diz que os EUA não têm dúvidas de que o governo sírio atacou com gás seus cidadãos e destruiu as evidências.
França e Reino Unido também condenaram o ataque e prometeram apoio - militar, no caso francês - aos rebeldes que lutam contra Assad.
O país mais frontalmente contrário à intervenção é a Rússia, que acusa o Ocidente de não ter provas do envolvimento do governo sírio no ataque de Damasco. Desde antes, porém, Moscou, que interga o Conselho de Segurança da ONU, votou contra intervir na guerra síria. A Rússia sempre defendeu uma solução diplomática para o conflito. China e Irã, em menor escala, também são contra.
Uma conferência internacional sobre a crise na Síria foi cogitada, inclusive com a possibilidade de o Brasil participar. O ataque de Damasco, porém, fez o mundo mudar os planos.
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