O enviado especial da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, afirmou nesta quarta-feira (28) que uma "substância" foi usada no ataque que provocou centenas de mortes do último dia 21 de agosto em um subúrbio de Damasco, na Síria.
"Parece que se usou um tipo de substância que matou muitas pessoas, sem nenhuma dúvida mais de cem. Alguns falam de 300 [mortos], outros, de 600, talvez mil, talvez mais de mil", declarou Brahimi em uma entrevista coletiva em Genebra.
O enviado se recusou a apontar um culpado pelo ataque. Governo e rebeldes se acusam mutuamente pelo massacre.
Hoje, a Síria apresentou ao Conselho de Segurança da ONU "provas" que supostamente vinculam os opositores ao ataque químico da semana passada.
Brahimi também advertiu que é necessária uma autorização do Conselho de Segurança da ONU para uma intervenção militar na Síria.
"Acredito que a lei internacional é clara sobre isto. Ela diz que é possível realizar uma ação militar depois de uma decisão do Conselho de Segurança", declarou Brahimi.
Secretário-geral defende diplomacia
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, defendeu uma solução diplomática para a crise Síria, em vez da intervenção militar, e pediu tempo para que os observadores da ONU possam terminar suas análises sobre o suposto uso de armas químicas pelo regime do presidente Bashar Assad.
"Vamos dar uma chance à paz e à diplomacia. Parem de lutar e comecem a conversar", disse Ban em Haia, na Holanda, sede da Corte Internacional de Justiça (CIJ), considerada o principal órgão judicial da ONU.
"A lógica militar nos deixou um país à beira da destruição total e [por isso] devemos explorar todos os caminhos para a negociação".
O secretário-geral da ONU pediu quatro dias para que os inspetores presentes na Síria possam investigar o possível uso de armas químicas.
Segundo ele, a equipe de observadores da ONU que investiga o suposto ataque químico nos arredores de Damasco necessita de tempo para fazer seu trabalho.
Inspetores retomam visita
Os observadores entraram nesta quarta na região de Guta Oriental, próxima à capital, após ter adiado essa visita na terça-feira (27) por questões de segurança.
Os inspetores partiram de um hotel da capital síria e se dirigiram para a região do suposto ataque com o objetivo de obter provas da ação, que aumentou a tensão na região perante os temores de uma possível intervenção estrangeira.
O ativista Omar Hamza explicou que a equipe de especialistas, que viaja em quatro veículos, foi para Zamalka e Ain Tarma, onde supostamente ocorreram ataques químicos.
Está previsto que os inspetores entrevistem médicos e vítimas e que examinem corpos para obter provas, disse Hamza. O ativista explicou ainda que a equipe entrou na área sob a proteção do rebelde Exército Livre Sírio (ELS).
Com AFP e Efe