Caças da Jordânia viram solução

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Adquiridos como reserva, aviões F-5EM são reformados e irão para a linha de frente da FAB depois da desativação dos Mirage

KLÉCIO SANTOS | ZERO HORA

Brasília 

Aviões de segunda mão da Jordânia farão a proteção do espaço aéreo brasileiro a partir de 2014. Com a desativação dos 12 Mirage 2000C (F-2000) prevista para o fim do ano e a indecisão do Planalto sobre a licitação para a compra de novos caças, a alternativa árabe está sendo avaliada.

A Força Aérea Brasileira (FAB) criou um grupo de trabalho para analisar os aspectos que implicam a aposentadoria dos Mirage. Atualmente, os 11 F-5 jordanianos passam por um processo de modernização na Embraer, onde serão equipados com radar e instrumentos eletrônicos de última geração. O investimento é de R$ 276 milhões e, segundo a FAB, permitirá que os Caças possam ser utilizados por pelo menos mais 15 anos.

O contrato foi assinado em 2011, e os primeiros aviões aptos a usarem armamento mais moderno devem começar a sobrevoar o país em 2014, quando a Força Aérea receberá as primeiras unidades. A data coincide com a retirada dos franceses Mirage, que estão obsoletos e cuja vida útil termina em dezembro deste ano.

Fabricado nos EUA, o lote jordaniano será elevado ao patamar tecnológico dos outros 46 F-5M da FAB. Em 2000, esses aviões foram modernizadas e hoje atuam nos esquadrões de caça do Rio, de Manaus e de Canoas.

Os 11 Caças foram adquiridos em 2007 e deveriam servir, em princípio, como estepe e fornecimento de peças de reposição. O modelo aperfeiçoado estaria afinado com a quarta geração da mesma classe, mas distante dos finalistas na licitação do programa FX-2 da Aeronáutica, criado em 2006, visando a reequipar e modernizar a FAB. Com a entrada em operação dos F-5EM jordanianos, toda a defesa aérea brasileira ficaria a cargo dos F-5, que se tornariam a principal aeronave de combate da aviação brasileira.

A Força Aérea não assume oficialmente a adoção dos aviões jordanianos dentro do que seria um plano B para a defesa aérea. Consultada por ZH sobre a hipótese, a FAB não entrou em detalhes: "A Força Aérea divulgará oportunamente as medidas que serão adotadas para manter e garantir a soberania do nosso espaço aéreo".

O sucateamento da frota preocupa os militares. O inconformismo aumentou após os escândalos envolvendo o uso de aviões por autoridades.

Amanhã, a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado ouvirá o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, sobre a atualização da frota, a compra dos novos caças e a situação dos Mirage.

Renovação da frota se arrasta há uma década

Orçado em US$ 7 bilhões, o programa FX-2 prevê a aquisição de 36 caças. A novela se arrasta por mais de uma década. Três empresas participam da disputa: a francesa Dassault, com o modelo Rafale, a americana Boeing, com o F-18 Super-Hornet, e a sueca Saab, com o projeto Gripen NG.

A Dassault perdeu o favoritismo inicial, que remontava à época do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, dando espaço para a Boeing, que vinha estreitando laços com o Brasil e firmando parcerias com a Embraer. A situação mudou com as denúncias de que a Agência de Segurança Nacional (NSA) espionou e coletou dados de ligações e e-mails trocados no Brasil.

O Gripen aposta na independência política da escolha. O consórcio ganhou força com recentes contratos firmados com a Suécia e a Suíça.

A FAB não se pronuncia sobre o programa FX-2, afirmando que é uma decisão da "alçada" presidencial.



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