Do UOL, em São Paulo
A recusa do Reino Unido de intervir na Síria não muda a posição da França, que deseja uma ação "proporcional e firme" contra o regime de Bashar Assad, afirmou o presidente François Hollande. Os EUA também continuam na busca de aliados para uma coalizão.
O Parlamento britânico votou na quinta-feira (29) contra uma ação militar na Síria, impondo um revés aos esforços liderados pelos EUA por uma punição a Damasco pelo ataque da semana passada com armas químicas.
Em uma entrevista ao jornal "Le Monde", o presidente francês descartou qualquer intervenção na Síria antes dos inspetores da ONU deixarem o país. No entanto, não excluiu uma ação antes da próxima quarta-feira (4), dia de uma reunião do Parlamento francês para debater a situação na Síria após a morte de centenas de pessoas em um suposto ataque químico perto de Damasco em 21 de agosto
"Há um feixe de indícios que apontam para a responsabilidade do regime sírio na utilização de armas químicas", disse. "Todas as opções estão sobre a mesa. A França quer uma ação proporcional e firme", completou.
Ao ser questionado se a França pode atuar sem o Reino Unido, um aliado tradicional, Hollande respondeu: "Sim. Cada país é soberano para participar ou não na operação. Isto é válido para o Reino Unido e para a França".
Hollande também informou que terá uma troca de opiniões profunda com o presidente americano, Barack Obama.
Os Estados Unidos continuam a buscar uma coalizão internacional para agir em conjunto sobre a Síria, disse o secretário de Defesa dos EUA, Chuck Hagel, nesta sexta-feira (30).
"É o objetivo do presidente Obama e do nosso governo... qualquer decisão que seja tomada, que seja uma colaboração e esforço internacionais", disse Hagel durante viagem às Filipinas, acrescentando que os Estados Unidos vão continuar a consultar o Reino Unido.
"Nossa abordagem é continuar a buscar uma coalizão internacional que atuará em conjunto. E eu acho que vocês estão vendo uma série de países anunciar, anunciar publicamente, sua posição sobre o uso de armas químicas."
Hagel disse que não iria "especular sobre situações hipotéticas", quando perguntado se havia alguma coisa que Assad poderia fazer nesta fase final para deter a ameaça de uma ação militar estrangeira.
"Eu não fui informado de qualquer alteração na posição do regime Assad sobre qualquer assunto. Então, eu lido com a realidade do que temos", disse.
Em uma reunião com parlamentares na quinta-feira, autoridades do governo Obama disseram "não ter dúvida" que armas químicas foram usadas na Síria pelo governo do presidente sírio, Bashar Assad, de acordo com o deputado norte-americano Eliot Engel, que participou da reunião.
Inspetores da ONU visitam hospital
A equipe de inspetores da ONU foi nesta sexta-feira para um hospital militar de Damasco para continuar com as investigações sobre o uso de químicas no conflito sírio, em seu último dia de trabalho no país.
Os especialistas devem deixar a Síria no sábado (31), enquanto outra equipe liderada pela representante da ONU para Assuntos de Desarmamento, Angela Kane, já saiu do país para Beirute (Líbano).
No hospital, que está sob domínio das autoridades de Damasco, encontram-se algumas pessoas que ficaram feridas em supostos ataques químicos.
Não se sabe por enquanto se a missão da ONU visitará novamente as zonas que estão nas mãos dos rebeldes onde ocorreram os supostos ataques com armas não convencionais.
Nos últimos três dias, a missão da ONU esteve nas localidades de Muadamiya, Zamalka e Ain Tarma, na periferia de Damasco, onde recolheu provas e amostras de sangue e tecidos dos sobreviventes.
A oposição síria denunciou que mais de mil pessoas morreram em um ataque químico perpetrado pelo regime em 21 de agosto nestas áreas.
As autoridades de Damasco negaram as acusações e afirmaram que os rebeldes realizaram um ataque químico três dias depois, no bairro damasceno de Yobar.
A comunidade internacional espera o relatório preliminar que os analistas entregarão à ONU previsivelmente no sábado para tomar decisões sobre as ações em relação à Síria. (Com Reuters, AFP e Efe)
Apesar do 'não' britânico, França quer ação na Síria; EUA buscam aliados
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