Espionagem dos EUA se espalhou pela América Latina - Notícias Militares

Breaking News

Post Top Ad

Responsive Ads Here

Post Top Ad

Responsive Ads Here

09 julho 2013

Espionagem dos EUA se espalhou pela América Latina

Depois do Brasil, Colômbia foi o mais vigiado
Venezuela também entrou na mira de programas americanos

Glenn Greenwald, Roberto Kaz e José Casado - O Globo


RIO - Os Estados Unidos têm programas de espionagem e rastreamento funcionando em vários outros países da América Latina, além do Brasil. Documentos sigilosos da Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) aos quais o GLOBO teve acesso mostram que situações similares ocorrem no México, Venezuela, Argentina, Colômbia e Equador, entre outros.

Um dos aspectos que se destaca nos documentos é que, de acordo com eles, os Estados Unidos parecem não estar interessados apenas em assuntos militares, mas também em segredos comerciais -“petróleo” na Venezuela e “energia” no México, segundo uma listagem produzida pela NSA no primeiro semestre deste ano.

A Colômbia foi o segundo alvo prioritário na América Latina nos últimos cinco anos - logo depois do Brasil e do México - na atividade de espionagem da Agência de Segurança Nacional. Documentos da agência, aos quais O GLOBO teve acesso, mostram uma coleta de informações na Colômbia em fluxo expressivo e constante, embora variável, no período entre 2008 e o primeiro trimestre deste ano, até março passado.

Não há provas disponíveis de que a espionagem via satélites, de telefonia e correspondência eletrônica, com equipes da NSA e da CIA (Agência Central de Inteligência) tenha continuado nos últimos três meses.

De janeiro a março passado, de acordo com os documentos, agentes da NSA realizaram ações de espionagem na América Latina usando ao menos dois programas: “Prism” (no período de 2 a 8 de fevereiro) e “Boundless Informant” (de janeiro a março).

O “Prism” possibilita acesso a e-mails, conversas online e chamadas de voz de clientes de empresas como Facebook, Google, Microsoft e YouTube. Através dele, a NSA levantou dados sobre petróleo e aquisições militares da Venezuela, energia e narcóticos do México, além de ter mapeado a movimentação das Forças Revolucionárias da Colômbia (Farc). O mapa da NSA (acima à esquerda) mostra claramente a quantidade de dados transmitidos por cabos submarinos de fibra ótica que a agência poderia capturar em abril de 2007. Esse fluxo de informações serviria para abastecer o processamento com uso do “Prism”.

Esse programa, no entanto, não permite o acesso a todo o universo de comunicações. Grandes volumes de tráfego de telefonemas e de dados na internet ocorrem fora do alcance da NSA e seus parceiros no uso do Prism.

Para ampliar seu raio de ação, a agência desenvolveu outros programas com parceiros corporativos capazes de lhe abrir acesso às comunicações internacionais. É o caso do “Boundless Informant”, para catalogação de telefonemas e acessos à internet.

Um documento sem data, que acompanha mapas de 2012, descreve as atribuições da operação “Silverzephyr” (o codinome é referência a uma linha de trem que existiu nos Estados Unidos nos anos 1940). Segundo uma apresentação interna da NSA (veja acima), a “Silverzephyr” tinha como objetivo “acessar linhas de transmissão de informações através de um parceiro”. A agência tem como política construir parceria com empresas privadas operadoras de satélites, telefonias e redes de transmissão de dados. O alvo, como mostra a imagem, eram países da América Latina. Pela documentação é possível concluir que, nessa região, a agência coletou informações a partir de telefonemas, faxes e e-mails rastreados, possivelmente pelo programa Fairview.

A importância das operações na Colômbia é destacada em mapas da agência. Em parte, pode ser justificada pela intensa cooperação entre os governos de Washington e Bogotá na ofensiva contra a guerrilha das Farc e sua aliança financeira com os cartéis do narcotráfico. Mas, além dos aspectos militares, há também econômicos - como petróleo.

A Colômbia mantém uma aliança militar com os EUA sem paralelo nos demais países da América do Sul. Isso a torna área privilegiada para as agências americanas, como a NSA, na rotina de coleta de informações ao Norte e ao Oeste da América do Sul.

Os documentos da NSA obtidos pelo GLOBO não contêm números específicos, mas a escala de cores usada na elaboração dos mapas da agência permite a conclusão de que, nos meses de março deste ano e do ano passado, a Colômbia era considerada um alvo de espionagem tão relevante quanto o Brasil e o México.

Vigilância na morte de Chávez

Também foram espionados, de forma constante mas em menor intensidade, Venezuela, Argentina, Equador, Panamá, Costa Rica, Nicarágua, Honduras, Paraguai, Chile, Peru e El Salvador.

Colômbia, Equador e Venezuela também foram monitorados, em 2008, pelo programa X-Keyscore, capaz de rastrear e identificar a presença de um estrangeiro em um país através do idioma usado por ele em e-mails.

Naquele ano, coincidência ou não, a Colômbia enfrentou uma grave crise com o Equador e a Venezuela. Forças colombianas atacaram uma facção da narcoguerrilha, dentro do território do Equador, que reagiu: fechou a fronteira e cortou relações com a Colômbia, abrindo uma grave crise diplomática.

Em março do ano passado, a Colômbia e a Venezuela voltaram a figurar com destaque entre os alvos da espionagem, conforme documentos na NSA. Os agentes trabalharam com o software, conhecido como “Fairview”. O volume de dados coletados, aparentemente, foi menor que o filtrado do Brasil no mesmo período, segundo os mapas da NSA sobre o período.

Em março deste ano, a Colômbia se tornou prioritária para a NSA tanto quanto o Brasil. Foi quando morreu Hugo Chávez. Era o fim de um ciclo do chavismo. Começava outro jogo político na América do Sul.


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Post Top Ad

Responsive Ads Here