População se reúne para abraço simbólico nos prédios do Batalhão de Infantaria, em Venda da Cruz. Projeto do governo do estado prevê construção de casas populares
Ruy Machado - O Fluminense
Uma manifestação pacífica para evitar o destombamento do 3° Batalhão de Infantaria (BI), reuniu dezenas de pessoas, na manhã deste sábado no bairro da Venda da Cruz, em São Gonçalo. No protesto, a população se reuniu em uma praça e caminhou até o batalhão para um abraço simbólico nas instalações dos prédios.
O projeto inicial do governo do estado prevê a construção de 1,2 mil casas populares (faixa 1 – 0 a 3 salários) garante que não irá afetar a estrutura física do local e a fauna e a flora serão preservadas e mantidas. Com previsão de obra para dois anos, o projeto contempla um condomínio que abrigará escola, creche, unidade básica de saúde e ginásio esportivo, entre outros espaços.
O tombamento da unidade ocorreu após a aquisição do espaço pelo governo do estado, mesmo assim, o Subsecretário de obras do governo do estado, Vicente de Paula Loureiro, acredita que o projeto e o tombamento parcial do batalhão podem conviver juntos.
“O governo do estado pretende sugerir ao legislativo municipal, um destombamento parcial. O projeto prevê a preservação de prédios, que entendemos como históricos e relevantes, e de outras áreas do antigo quartel. Inicialmente serão utilizados apenas um terço do espaço”, declarou o subsecretário.
Para o presidente da OAB de São Gonçalo, José Luiz Muniz, as moradias deveriam estar em locais próximos aos da moradia anterior das vítimas de desmoronamentos.
“O ideal é que estas casas sejam construídas nas proximidades das antigas moradias destas pessoas, para não descaracterizar uma convivência social”, falou.
Um abaixo-assinado foi confeccionado no local. Muitos populares que passavam pelo local aderiram e contribuíram para o não destombamento do antigo quartel. A advogada Aglayr de Freitas, 71 anos, acredita que o local precisa ser preservado.
“Sou contra o destombamento do 3º BI, lá é um local histórico. Precisamos que o local seja utilizado em beneficio do município. Moro aqui na Venda da Cruz há 40 anos e acredito que o espaço de quartel precisa ser preservado”, disse.
Participaram do protesto os vereadores da cidade Marlos Costa, Alexandre Gomes e Marcos Rodrigues todos contrários ao destombamento.
“Acho que dois terços do espaço do antigo quartel poderia servir para uso geral, com a construção de quadras, bibliotecas, teatro,escola, entre outros e apenas um terço como moradia. O projeto prevê cerca de 1300 casas o que causaria também um grande impacto viário, pois estimasse que cinco mil pessoas passem a morar aqui. É necessário diminuir o número de apartamentos e aumentar a área disponível para todos os cidadãos”, concluiu o vereador Marlos Costa.
O local atualmente serve como moradia provisória para os desabrigados das chuvas no Morro do Bumba, em Niterói e a Delegacia Especializada de Atendimento a Mulher (DEAM) e a 72ª Delagacia Legal. O 3º BI foi construído na década de 1920. Em 2007, a unidade foi desativada e transferida para a cidade de Barcelos, no Amazonas, e se tornou o 3º Batalhão de Infantaria de Selva (3° BI).