Valor
Por Agências internacionais
O governo dos Estados Unidos anunciou ontem ter reunido provas suficientes de que o regime do ditador sírio Bashar al-Assad usou armas químicas contra rebeldes. No ano passado, o presidente Barack Obama advertiu que essa ação equivaleria a Assad ultrapassar a "linha vermelha" que faria os EUA se engajar no conflito de maneira mais ativa.
De acordo com Ben Rhodes, vice-conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, as forças do regime sírio utilizaram gás sarin em "pequena escala" várias vezes contra os opositores, causando de 100 a 150 mortes.
Rhodes disse que os EUA irão aumentar a ajuda à oposição síria, incluindo auxílio com "propósitos militares diretos". Ele se recusou a dizer se isso incluiria a cessão de armamentos. "Não temos condição de expor uma lista do que exatamente se encaixa na esfera dessa ajuda", afirmou Rhodes. Segundo o assessor de Obama, o governo ainda "não tomou uma decisão quanto a buscar" estabelecer uma zona de exclusão aérea na Síria.
Os Estados Unidos têm resistido a enviar armas aos rebeldes em parte por receio de que elas possam cair em mãos de grupos islâmicos radicais infiltrados na fragmentada oposição síria. Além disso, há denúncias de excessos e violações dos direitos humanos cometidos pelos rebeldes contra tropas e apoiadores de Assad. Até agora, os americanos estavam mandando equipamentos não letais, como coletes à prova de balas e óculos de visão noturna.
O anúncio de ontem da Casa Branca aconteceu com atraso de semanas em relação a França e Reino Unido, que já haviam declarado terem constatado o uso de armas químicas, e após intensas deliberações entre Obama e sua equipe de assessores de segurança nacional. A pressão, nacional e internacional, para que os EUA aumentassem o seu envolvimento na guerra civil síria é cada vez maior e incluiu até uma crítica do ex-presidente Bill Clinton. "Algumas pessoas dizem "OK, estão vendo o tamanho dessa confusão? Vamos ficar de fora!" Eu acho que isso é um erro enorme", afirmou o ex-presidente.
Ao ser indagado sobre quais serão os próximos passos dos Estados Unidos, Rhodes afirmou que a Casa Branca irá compartilhar suas informações com o Congresso e países aliados e tomará "decisões dentro do seu próprio cronograma". As advertências anteriores de Obama a Assad foram amplamente interpretadas como um sinal de que os EUA examinariam as alternativas de ação militar, embora o presidente americano tenha deixado claro que não enviará soldados do país à Síria.
Na semana passada, as tropas leais a Assad recapturaram a cidade de Al-Qusair, considerada estratégica por permitir o controle da estrada que vai da capital Damasco ao Líbano. Com a ajuda de combatentes do Hizbollah, milícia xiita libanesa apoiada pelo Irã, Assad vem retomando o controle de várias áreas que estavam nas mãos dos rebeldes.
A situação na Síria deve ser um dos principais tópicos da cúpula dos países do G-8 (grupo que reúne sete economias ricas mais a Rússia), marcada para a semana que vem, na Irlanda do Norte.
De acordo com cálculos das Nações Unidas divulgados ontem, os mais de dois anos de conflito já causaram a morte de pelo menos 93 mil pessoas.
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EUA anunciam apoio militar a rebeldes na Síria
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