Ao lado de premiê turco, americano promete fortalecer oposição e ampliar ajuda a civis
Denise Chrispim Marin - O Estado de SP
CORRESPONDENTE / WASHINGTON
Os EUA garantem ter evidências de uso de armas químicas na Síria, mas, apesar de aceitarem novos passos nas esferas diplomática e militar para forçar a renuncia do líder sírio, Bashar Assad, recusam-se a agir unilateralmente. A mensagem foi emitida ontem pelo presidente americano, Barack Obama, ao final de um encontro com o premiê turco, Recep Tayyip Erdogan, na Casa Branca.
"Esse é um problema internacional e tenho esperança descontinuar a trabalhar com todas as partes envolvidas, incluindo a Turquia, para encontrar uma solução que traga paz para a Síria e estabilidade para a região", disse Obama.
"Não vai ser algo que os EUA possam fazer por si mesmos. Ninguém na região, incluindo o primeiro-ministro (turco), pode acreditar em ações unilaterais dos EUA".
Por enquanto, assinalaram os dois líderes, os instrumentos disponíveis para lidar com a guerra civil síria são o aumento da pressão internacional sobre o regime de Assad, o fortalecimento da oposição síria e a expansão da ajuda humanitária aos sírios que continuam no país e aos refugiados. Obama e Erdogan cuidaram para não mencionar as opções militares, mesmo diante de evidências sobre o uso de armas químicas no conflito. O tema deve ser discutido em uma conferência internacional em junho.
"Temos evidência de uso de armas químicas, na Síria. Mas é importante obter informação mais específica sobre o que está ocorrendo exatamente lá", afirmou Obama. "Concordamos ser preciso aumentar a pressão sobre Assad", completou, falando também por Erdogan.
A visita de Erdogan a Washington coincidiu com o anúncio das Nações Unidas de que o número de refugiados sírios chegou a 1,5 milhão. Desse total, cerca de 400 mil fugiram para o território turco. A Turquia cada vez mais se vê envolvida na guerra civil da Síria. No sábado, dois carros-bomba explodiram na sua fronteira com a Síria e mataram 46 pessoas. O governo turco culpou agentes de inteligência da Síria.
Em paralelo, o Departamento do Tesouro ampliou o escopo das sanções contra o governo de Assad e empresas estrangeiras, que estarão proibidas de manter negócios com pessoas e entes americanos. Ontem, foram incluídas quatro autoridades sírias - os ministros de Defesa, Saúde, Indústria e Justiça - e a companhia aérea estatal Syrian Arab Airlines entre os alvos de sanções. A companhia aérea teria autorizado a Guarda Revolucionária do Irã a embarcar nos seus aviões "carga ilícita" de armas e munições para a Síria.
O Tesouro adicionou também entre os alvos de sanções a rede de TV privada Al-Dunya, por "vínculos com o governo da Síria". A TV teria feito entrevistas que não foram transmitidas, mas entregues à inteligência síria, que as usou para prender os entrevistados, segundo nota do Tesouro.
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