Do UOL, em São Paulo
A Coreia do Norte ameaçou nesta quarta-feira (10) transformar o Japão em um "campo de batalha", com possíveis ataques a suas principais cidades, entre elas Tóquio, Osaka e Kioto, caso os japoneses produzam movimentos que provoquem o início de um conflito armado. O Japão, por sua vez, anunciou que se encontra em "estado de alerta" para interceptar qualquer míssil que ameace o arquipélago.
Na terça-feira (9), baterias antimísseis foram instaladas no centro de Tóquio e ao redor da capital já que a Coreia do Norte já vem sinalizando que pretende atacar a vizinha Coreia do Sul e mesmo os Estados Unidos.
Editorial publicado hoje pelo jornal "Rodong Sinmundo", pertencente ao partido único norte-coreano, afirmou que o regime norte-coreano pode causar a "destruição" do Japão se esse país agir politicamente contra o país.
"O Japão está perto do nosso território e, portanto, não poderá fugir dos nossos ataques", detalha o editorial, que cita cinco cidades japonesas, nas quais se encontra um terço dos 127 milhões de japoneses, como possíveis alvos militares.
Pyongyang também reitera sua ameaça contra as bases militares dos Estados Unidos em território japonês. "O Exército da Coreia do Norte é absolutamente capaz de fazer saltar pelos ares as bases militares não só no Japão como em outras áreas da região Ásia-Pacífico".
Coreia do Sul e EUA estão em alerta
Diante desse quadro, Coreia do Sul e Estados Unidos elevaram hoje o nível de alerta ante o que chamaram de "ameaça vital" representada pela Coreia do Norte, que estaria a ponto de executar um ou vários lançamentos de mísseis a qualquer momento, de acordo com a aproximação do aniversário da data de nascimento do fundador do país, 15 de abril.
O comando integrado das forças americanas e sul-coreanas alterou de três para dois o nível de alerta - o nível um é sinônimo de guerra, o quatro equivale a tempos de paz -, informou uma fonte militar à agência sul-coreana Yonhap.
Ainda nesta quarta-feira, as autoridades sul-coreanas responsabilizaram a Coreia do Norte por ataques cibernéticos direcionados a milhares de computadores e servidores do país, no mês passado, comprometendo por até cinco dias o trabalho de bancos e grandes emissoras de TV.
O secretário-geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, pediu a redução das tensões, que considera "muito perigosas".
Outras autoridades em Seul disseram que a vigilância sobre as atividades da Coreia do Norte foi reforçada. Transportadores de mísseis foram vistos na província de Hamgyong do Sul, ao longo da costa leste da Coreia do Norte -- um possível local de lançamento.
Em Washington, o almirante Samuel Locklear, comandante das forças dos Estados Unidos na região do Pacífico, também disse que o Exército dos EUA acredita que a Coreia do Norte deslocou um número não especificado de mísseis Musudan para sua costa leste.
O Musudan pode alcançar alvos a uma distância de 3,5 mil km ou mais, de acordo com a Coreia do Sul, o que colocaria o Japão ao alcance e pode até ameaçar a ilha de Guam, sede de bases militares norte-americanas. A Coreia do Sul pode ser alcançada pelo mísseis Scud de curto alcance.
O lançamento pode ainda coincidir com a visita a Seul do secretário de Estado americano, John Kerry, e do comandante da Otan, Anerd Fogh Rasmussen, que chegarão à capital sul-coreana na sexta-feira (12).
Entenda
O regime de Pyongyang, irritado com as novas sanções aprovadas pelo Conselho de Segurança da ONU depois do teste nuclear de fevereiro e das atuais manobras militares conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul, multiplicou nas últimas semanas as declarações bélicas e as ameaças.
Pyongyang advertiu os países que têm representação diplomática na Coreia do Norte que não poderia garantir a segurança das missões a partir desta quarta-feira. Na terça-feira (9), o governo retirou 53 mil funcionários norte-coreanos que trabalhavam no polo industrial de Kaesong. O acesso ao local está proibido aos sul-coreanos desde 3 de abril.
Segundo uma fonte do governo citada pela agência Yonhap, o Norte poderia lançar vários mísseis, pois foram detectados deslocamentos de veículos lançadores que transportavam Scuds - com um alcance de centenas de quilômetros - e Rodongs, capazes de viajar pouco mais de mil quilômetros.
Nesta quarta, o mais importante posto de fronteira da China com a Coreia do Norte, em Dandong, estava fechado para os turistas, mas permanecia aberto para os negócios, segundo um funcionário da alfândega na cidade.
A Coreia do Sul e seus aliados ocidentais questionam as verdadeiras intenções do jovem dirigente norte-coreano Kim Jong-Un, que ainda não completou 30 anos e sucedeu o pai, Kim Jong-Il, morto em dezembro de 2011.
Ministros das Relações exteriores do G8 (Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino Unido, França, Itália, Canadá e Rússia) vão debater o impasse entre as Coreias nesta quarta-feira em Londres.
Coreia do Norte ameaça atacar Japão; Coreia do Sul e EUA elevam nível de alerta
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