Venda aos EUA abre portas a Super Tucano

Modelo da Embraer começa a ser produzido ainda este ano

Ronaldo D"Ercole - O Globo
SÃO PAULO

A vitória na concorrência para fornecer 20 aviões Super Tucano para a Força Aérea dos Estados Unidos (USAF) deve levar a Embraer a rever suas projeções para o potencial de venda dessas aeronaves leves de ataque no mercado mundial. A estimativa de US$ 4,5 bilhões em encomendas desses modelos até 2025 deve ser elevada em função do prestígio que a venda para os americanos trará às aeronaves, de acordo com Luiz Carlos Aguiar, presidente da Embraer Defesa e Segurança (unidade de negócios da empresa para esse segmento).

A nova fábrica deve começar a operar ainda este ano, e as primeiras entregas ao governo americano estão previstas para meados do próximo ano.

O contrato inicial com os americanos inclui o fornecimento de 20 aeronaves, equipamentos para treinamento de pilotos e peças de reposição, ao preço de US$ 427 milhões. Os aviões devem ser usados em operações no Afeganistão, dentro do programa de Apoio Aéreo Leve (LAS, na sigla em inglês) da Aeronáutica americana. O acordo, porém, pode ser ampliado para até 55 aeronaves, alcançando cerca de US$ 1 bilhão.

Aguiar embarcou ontem para os Estados Unidos a fim de tratar dos detalhes para o inicio da instalação de uma nova linha de produção para os Super Tucano com sua parceira no projeto, a Sierra Nevada Corporation, empresa americana especializada em eletrônica aeroespacial.

Os Super Tucano da Embraer já equipam as forças aéreas de nove países da América Latina, África e Ásia. Ao todo, 160 aeronaves já foram entregues de um total de 190 encomendas, que agora passam a 210 com o contrato da USAF.

Defesa já é 20% da receita

A divisão de defesa já responde por quase 20% das receitas da Embraer. Como divulga o balanço de 2012 nos próximos dias, a empresa não fala de números ou faz projeções sobre o impacto do novo contrato em seus negócios.

Ontem, as ações da Embraer abriram em alta e chegaram a subir 3,09% na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa). Mas os papéis inverteram a tendência e caíram, com os investidores embolsando o lucro. No fim do pregão, os papéis da Embraer acumulavam queda de 1,30%.

As ações da Embraer são papéis de evento. Sobem quando é anunciado um grande negócio e em seguida recuam, com os investidores embolsando o ganho - explicou o estrategista da SLW corretora, Pedro Galdi.

A Embraer já tinha vencido essa concorrência há pouco mais de um ano, mas o processo foi invalidado por um recurso da americana Hawker Beechcraft, que disputava o negócio com a brasileira, na Justiça nos Estados Unidos. A Beechcraft, com seu modelo AT-6, foi novamente derrotada.

Os Super Tucano comprados pela USAF serão produzidos em Jacksonville, a Flórida, estado em que a Embraer concentra suas operações.