Ataque com míssil teleguiado - segundo episódio recente de violência além da fronteira entre os dois países - retalia tiros que atingiram veículos militares israelenses no fim de semana e eleva o temor de que a guerra civil na Síria se espalhe pela região
O ESTADO DE SP
JERUSALEM
Em meio a avanços de tropas rebeldes no sul da Síria, o Exército israelense retaliou ontem um ataque que veio do país vizinho a dois de seus veículos de patrulha nas Colinas do Golã, território ocupado por Israel desde 1967. Segundo um porta-voz do Ministério de Defesa israelense, um míssil teleguiado atingiu um comando militar sírio, mas não deu detalhes se ele pertencia às forças insurgentes ou às tropas do regime de Bashar Assad.
Ocorrido dois dias após uma visita oficial do presidente americano, Barack Obama, a Israel, o ataque foi o segundo episódio de violência além da fronteira entre os dois países e aumentou os temores de que a guerra civil síria se espalhe para territórios vizinhos.
Depois do ataque, o novo ministro de Defesa de Israel, Moshe Yaalon alertou a Síria de que qualquer violação da soberania israelense, assim como disparos vindos da fronteira, serão respondidos com o silenciamento da fonte responsável pelo ataque.
"O regime sírio é responsável por toda violação de soberania", disse. Não permitirmos que o Exército sírio ou qualquer outro grupo viole a soberania de Israel de qualquer maneira."
Na Síria, os rebeldes ampliaram sua presença militar no sul do país, em uma faixa de 25 km entre a Jordânia e as Colinas do Golã. Apesar do avanço dos dissidentes, no entanto, o Exército israelense não quis confirmar de que lado do conflito sírio vieram os tiros contra seus veículos militares.
"A faixa de 25 km entre Muzayrib e o Golã estão fora do controle de Assad", disse um porta-voz do Observatório Sírio dos Direitos Humanos, ONG pró-rebelde com base em Londres.
Durante a Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel ocupou parte das Colinas do Golã, um território estratégico no norte de Is-rael, cuja anexação não foi reconhecida internacionalmente. A linha de cessar-fogo, estabelecida após a Guerra do Yom Kippur, em 1973, tem estado relativamente calma desde então.
Em novembro, tanques israelenses dispararam contra unidades de artilharia síria na região depois de um disparo de morteiro ter atingido o território ocupado. Segundo um porta-voz do Exército de Israel, um veículo militar foi atingido pela artilharia síria na noite de sábado, sem deixar feridos.
Na manhã de ontem, houve outro disparo similar e o Exército israelense retaliou.
O governo israelense diz monitorar de perto a crise a Síria. A principal preocupação do governo do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu é a segurança do estoque de armas químicas de Assad. Israel teme que esse arsenal possa cair em mãos da milícia radical xiita Hezbollah ou ser roubado por rebeldes jihadistas com vínculos com a Al-Qaeda.
Especula-se que um ataque que deixou 26 mortos em Alepo na semana passada tenha sido feito com armas químicas. Uma reportagem publicada ontem pelo jornal Haaretz, qüe cita fontes de inteligência, diz que há indícios de que os rebeldes, e não tropas de Assad, tenham usado o arsenal.
Segundo a publicação, o fato de soldados leais a Assad terem sido mortos no ataque, o fato de o regime ter pedido uma investigação à ONU e o uso de cloro, uma gás incomum no arsenal de armas químicas atualmente, apesar de ter sido usado como arma na Primeira Guerra Mundial.
Rebeldes jihadistas, de acordo com fontes militares sírias, teriam misturado cloro a uma solução salina e conseguido carregá-lo em um míssil. Outra hipótese, no entanto, é que o projétil tenha atingido um reservatório do gás no quartel atacado.
O ataque de ontem coincide também com a retomada de relações diplomáticas com a Turquia, outro país que já sofreu com ataques vindo da Síria em seu território. Segundo Netayahu, a guerra civil no país vizinho foi um dos motivos que levaram à normalização dos laços entre, os dois países. (AFP, APENYT)
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