Brasileira Mectron negocia venda de radares para equipar caças russos
Roberto Godoy | O Estado de S.Paulo
O avião russo de ataque e treinamento avançado Yak-130 A pode receber o radar brasileiro Scipio-01, produzido pela Mectron, subsidiária da Odebrecht Defesa e Tecnologia (ODT). O dispositivo já equipa o principal caça supersônico da Força Aérea Brasileira, o F-5M – a versão de tecnologias revitalizadas produzida pela Embraer e pela israelense ELBIT, e o caça-bombardeiro de precisão A-1 AMX.
Radar brasileiro Scipio-01, produzido pela Mectron |
A negociação está no contexto do acordo entre Moscou e Brasília firmado em dezembro, na Rússia, pela presidente Dilma Rousseff. O termo principal envolve o fornecimento, pela Rússia, de três baterias do sistema de defesa Antiaérea Pantsir S1, mais duas do míssil de porte individual Igla 4/9K38 e a criação de uma jointventure que produzirá essa arma no Brasil, envolvendo uma associação entre AVIBRAS, EMBRAER e Odebrecht.
A decisão final deve ser anunciada na próxima semana, durante a visita do presidente Dimitri Medvedev ao Brasil. Na mesma ofensiva, a agência russa de exportação de material militar oferece o pequeno Yak-130 para a FAB como avião de transição entre o turboélice Super Tucano e os caças principais da Força.
A presidente Dilma, que procura driblar a agenda das formalidades diplomáticas, receberá o visitante. Todavia, parte do programa será cumprida pelo vice, Michel Temer, cada vez mais envolvido nas questões da Defesa.
O radar Scipio-01, interessa à Irkut, fabricante do Yak-130A, porque combina duas características próprias: é compacto e opera de modo variado - busca, rastreamento, localização de avião tanque, procura sobre o mar, mapeamento, telemetria e, ao menos, de quatro diferentes maneiras de atividade de combate. Na prática, significa que pode identificar um mínimo de 4 objetivos (e, talvez, no máximo 8) simultaneamente. Alvos aéreos de 5 m2 podem ser encontrados a 32 km de distância, e terrestres de 100 m2, a até 80 km.
Os russos usariam o equipamento em uma de suas mais novas máquinas de guerra, o jato de ataque leve e treinamento avançado, o Yak-130, Mitten (um tipo de luva) na classificação da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Aversão A, mais desenvolvida, fez o primeiro voo em 2004 e foi logo em seguida contratado pela aviação militar russa, que encomendou 72 unidades. Em 2011, a Irkut recebeu um pedido adicional de mais 65 jatos. Cada aeronave custa cerca de US$ 15,3 milhões - 40 foram entregues.
Até dezembro, além da Rússia, quatro países operavam 37 aeronaves - Argélia, Bangladesh, Bielo-Russia, e Mongólia. A Síria esperava 36 dos Yak-130, compra embargada por Medvedev em conseqüência do conflito entre o regime de Bashar Assad e os rebeldes dentro do país. O Uruguai e a Sérvia estudam a aquisições de um esquadrão cada.
De certa forma, o jato assemelha-se ao AMX da Embraer. A configuração padrão é de dois pilotos, a velocidade máxima subsônica fica em 1.050 km/hora e o alcance bate em 2,5 mil quilômetros - a carga de armamento variado (mísseis, bombas guiadas, foguetes) é de 3 toneladas.
Mísseis
Ontem, uma comissão de técnicos russos acertava detalhes da negociação com o míssil Pantsir S1, em São José dos Campos. O valor do negócio ainda está sendo definido. O projeto foi montado pelo general José Carlos De Nardi, Chefe do Estado Maior Conjunto da Defesa, e prevê a aquisição de três baterias do Pantsir S1 - cada bateria usa seis carretas lançadoras, além de veículos de apoio - combinação de mísseis terra-ar com alcance de 20 km, na altitude de 15 km, mais dois canhões duplos, de 30 mm. Cada carreta transporta 12 mísseis 57E6.
O radar de detecção atua em um raio de 36,5 km e pode localizar dez alvos por minuto. O sistema eletrônico é redundante, segundo a empresa russa KBP, responsável pelo programa do Pantsir S1. "A melhor parte de todo o processo é que os russos aceitaram a demanda brasileira de que haja transferência de tecnologia", diz o general De Nardi. Todo o conhecimento original do projeto do equipamento será aberto.
O radar de detecção atua em um raio de 36,5 km e pode localizar dez alvos por minuto. O sistema eletrônico é redundante, segundo a empresa russa KBP, responsável pelo programa do Pantsir S1. "A melhor parte de todo o processo é que os russos aceitaram a demanda brasileira de que haja transferência de tecnologia", diz o general De Nardi. Todo o conhecimento original do projeto do equipamento será aberto.