João Batista Natali - Jornal da Gazeta
Bom, não é bem isso, mas é quase a mesma coisa. Imaginem um aviãozinho leve e barato, que não precisa transportar o piloto e que seja teleguiado por controle remoto. Não é um brinquedo. É uma arma de guerra. Transporta bombas que são lançadas sobre a cabeça do inimigo.
O aviãozinho se chama "drone", palavra em inglês que significa "zangão", o macho da abelha. Calcula-se que 15 países disponham desse artefato. Os Estados Unidos já fabricaram 177 unidades. As mais modernas têm onze metros de comprimento e voam a 370 quilômetros por hora.
Isso é bom? É ótimo para quem mata. Péssimo para quem morre. Em certas missões, os aviõezinhos tendem a substituir aviões de caça. Não há mais o o risco de o piloto ser abatido pelo inimigo. Além disso, esses aparelhos fazem o trabalho sujo e voltam correndo para suas bases. São mais econômicos que os mísseis, destruídos pelas bombas que transportam.
Tecnologia nova nem sempre deve ser festejada. Arma de última geração tende a matar mais gente. Que o digam os civis japoneses que morreram em Hiroshima e Nagazaki. Ou então, também na segunda guerra, os civis holandeses mortos pelos alemães em 1940, com o bombardeio que acabou com Roterdã. E os próprios civis alemães, quando os aliados destruíram em 1945 a cidade de Dresden.
O problema dos aviõezinhos é que os americanos os utilizam no Iêmen e no Paquistão, em regiões onde terroristas da Al Qaeda vivem rodeados de civis. A nova arma já matou em torno de 2.000 supostos extremistas. E mais um número indeterminado de homens inocentes, mulheres e crianças.
Há por fim um problema jurídico. Os serviços de inteligência americanos autorizaram há dois anos a execução de um religioso muçulmano ligado ao terrorismo. Ele morava no Iêmen. Mas tinha nacionalidade americana. Uma entidade de direitos humanos disse que se aplicou a pena de morte por meio dos aviõezinhos. E isso sem nenhum julgamento prévio dos tribunais.
É assim que o mundo gira.