O balanço de vítimas do sequestro na usina de gás na Argélia, de 23 reféns e 32 terroristas mortos, pode ser revisado para cima, disse neste domingo (20) o ministro argelino de Comunicações, Mohamed Said.
"Desgraçadamente, temo que o balanço será revisado para cima", disse Said à rádio pública Chaîne 3.
"As forças especiais continuam no campo de gás de Tiguenturin à procura de eventuais novas vítimas, porque o balanço fornecido até o momento pelo ministério do Interior é provisório", disse. "'O balanço definitivo será divulgado nas próximas horas."
Ao mesmo tempo, o premiê britânico, David Cameron, afirmou que três cidadãos britânicos e um que morava no Reino Unido estão entre os mortos no ataque, perpetrado por terroristas islâmicos que pediam a retirada das tropas francesas na vizinha República do Mali.
As autoridades argelinas ainda não deram um balanço das vítimas estrangeiras, mas há ocidentais e asiáticos entre eles.
Vários países afirmaram que alguns de seus cidadãos seguem desaparecidos, um dia após a operação militar que encerrou o sequestro.
Entre os reféns, cuja morte foi confirmada pelos países de origem, estão um francês, um norte-americano, um romeno, três britânicos e um que reside no Reino Unido.
Três outros britânicos, ainda desaparecidos, estão provavelmente mortos, anunciou neste domingo o primeiro-ministro David Cameron.
Dez japoneses não foram encontrados até o momento, indicou um funcionário, enquanto a Malásia também procura dois de seus cidadãos.
O grupo petrolífero norueguês Statoil, que explora a usina de In Amenas junto com o britânico BP e o argelino Sonatrach, falou em cinco noruegueses desaparecidos.
O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, afirmou que "tudo parece indicar" que um colombiano, funcionário da British Petroleum (BP), que morava em Londres, "estava entre o grupo de pessoas que morreu em um ônibus".
Ataque final
A ocupação terrorista, que durou quatro dias, terminou neste sábado em um ataque final das forças especiais do Exército argelino.
As forças argelinas libertaram 685 funcionários argelinos e 107 estrangeiros e mataram 32 terroristas, segundo o governo. Também morreram 23 reféns, informou o Ministério do Interior, sem informar a nacionalidade deles. Não foram divulgados os números de possíveis rebeldes sobreviventes, presos ou foragidos.
Entre os 32 sequestradores mortos estão três argelinos, os outros eram de diversas nacionalidades, não especificadas e entre eles havia especialistas em explosivos, acrescentou o comunicado.
Vários países afirmaram que alguns de seus cidadãos seguem desaparecidos, um dia após a operação militar que encerrou o sequestro.
Os sete estrangeiros foram executados quando os terroristas perderam a esperança de escapar do local com vida. Em seguida, militares argelinos mataram pelo menos 11 terroristas que continuavam no complexo.
A imprensa e governos reclamaram constantemente da maneira como as autoridades gerenciaram a crise e da falta de informação confiável disponível.
No campo de exploração de gás - que os islamitas ameaçaram explodir na quinta-feira, de acordo com uma gravação divulgada pela agência estatal malinense-, operações em busca de explosivos ainda estavam em curso neste domingo.
O reinício das atividades de produção do complexo "dependerá do tempo que levará a busca por explosivos", explicou o ministro da Energia, Youcef Yousfi, assegurando que o sequestro não afetou as exportações de gás do país.
Escalada no conflito
O ataque se transformou em uma das maiores crises com reféns internacional das últimas décadas, colocando a questão da militância islâmica do Saara no topo da agenda global.
Os militantes responsáveis pelo sequestro, ligados à rede terrorista da Al-Qaeda, ameaçaram realizar mais ataques a instalações do setor de energia na Argélia.
A crise de reféns representou uma séria escalada no conflito no noroeste da África, para onde tropas francesas foram enviadas na semana passada para combater a tomada de cidades da República do Mali por grupos islamistas.
Além disso, ela pode ser devastadora para a indústria petrolífera da Argélia, num momento em que o país se recupera da guerra civil dos anos 1990.
O comandante do sequestro na Argélia é Mokhtar Belmokhtar, um veterano da Guerra do Afeganistão na década de 1980 e da sangrenta guerra civil dos anos 1990, segundo autoridades argelinas. Aparentemente, ele não esteve presente no ataque.
Balmokhtar subiu de status entre os grupos islamitas no Saara, os quais se apoderaram de armas e ganharam novos adeptos em decorrência do caos na Líbia. As potências ocidentais temem que a violência se espalhe muito além do deserto.
O argelino Anis Rahmani, um especialista em segurança autor de vários livros sobre o terrorismo e editor do diário Ennahar, disse à Reuters que cerca de 70 militantes estavam envolvidos na operação na Argélia, o grupo de Belmokhtar, que partiu da Líbia, e o menos conhecido Movimento da Juventude Islâmica no Sul.
"Eles estavam portando armas pesadas, incluindo fuzis usados pelo Exército líbio durante o regime de (Muammar) Kadhafi", disse ele. "Eles também tinham lança-granadas e metralhadoras."
Trabalhadores argelinos formam a espinha dorsal de uma indústria de petróleo e gás, que tem atraído empresas internacionais nos últimos anos, em parte por causa da segurança no estilo militar.
Mali
O ataque começou na madrugada de quarta em um sítio gasífero operado pelas empresas nacional Sonatrach com as companhias British Petroleum, britânica, e Statoil, norueguesa, em Tiganturin, a 40 quilômetros de In Amenas, não muito longe da fronteira com a Líbia.
Os agressores exigiram o fim da campanha militar francesa no Mali, onde mais de 2.000 soldados franceses fazem uma ofensiva terrestre contra os rebeldes, uma semana depois de o governo francês abrir fogo contra os militantes islamitas a partir do ar.
O país africano está dividido desde o ano passado, após rebeldes ligados à Al-Qaeda terem dominado o norte do território.
A Argélia permitiu que a França utilizasse seu espaço aéreo durante a intervenção militar iniciada na semana passada contra os rebeldes islamitas no Mali. Mas o ministro argelino do Interior, Dahou Ould Kablia, disse a um jornal local que o grupo agressor veio da Líbia.
Que terrível o que está acontecendo lá! não se pode acreditar o que as pessoas são capazes de fazer.
ResponderExcluirDepois muitos vão acabar em tratamentos de radiologia no centro e outros que não tiveram essa sorte mortos... que terrível...