FOLHA DE SP
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Exército do Egito cerca o palácio presidencial nesta quinta-feira para conter os combates entre partidários e opositores ao governo, que mataram cinco pessoas e feriram outras 446 na quarta (5). O presidente Mohammed Mursi deverá se pronunciar mais tarde sobre o aumento da violência.
Os protestos de liberais e seculares completam duas semanas com alta insatisfação com o governo. As manifestações começaram no último dia 22, quando Mursi promulgou três decretos que aumentaram seus poderes e diminuíram a influência da Justiça.
Nesta quinta, pelo menos quatro tanques de guerra foram estacionados na frente do palácio presidencial, no Cairo, ao lado de uma rua em que partidários e opositores ao presidente se enfrentam desde o início da manhã. Outros três blindados militares estão na região.
Ambos jogavam pedras e coquetéis molotov contra os adversários. Centenas de apoiadores de Mursi ainda estavam no local, muitos cobertos com mantas e alguns lendo o Alcorão.
Os islâmicos acamparam na região durante à noite, em apoio ao presidente, apesar do pedido da Irmandade Muçulmana que desocupassem as ruas próximas à Presidência.
Devido ao aumento do efetivo do Exército, os enfrentamentos começaram a perder força e as ruas do bairro de Heliópolis, onde fica a sede do governo, ficaram mais calmas.
Após os confrontos da noite de quarta, os opositores saíram da região do palácio presidencial, mas convocaram três novas manifestações que terminarão na sede do governo egípcio. Os rivais consideram que os confrontos foram provocados por milícias islâmicas.
DISCURSO
Na manhã desta quinta-feira, a Irmandade Muçulmana anunciou pelo microblog Twitter que o presidente Mohammed Mursi deverá fazer um discurso ainda hoje. O pronunciamento também foi informado pelo jornal estatal "Al Ahram", mas ainda não foi confirmado pela Presidência.
Segundo a agência de notícias Mena, cinco pessoas morreram e 446 ficaram feridas nos enfrentamentos da noite de quarta (5), em um dos atos mais violentos na capital egípcia desde a chegada de Mursi ao poder, em julho.
Devido ao aumento dos confrontos, outros três conselheiros do presidente renunciaram a seus cargos por divergir sobre as últimas decisões do líder, incluindo o secretário-geral do Comitê Supremo do plebiscito Constitucional, Zaglul al Balshi, encarregado de supervisionar o referendo.
HISTÓRICO
O Egito é palco de protestos diários e multitudinários favoráveis e contrários ao presidente Mohamed Mursi há duas semanas. Os problemas começaram em 22 de novembro, quando Mursi assinou decretos que lhe deram "superpoderes", na medida em que eximem qualquer decisão sua de análise judicial.
Magistrados reclamaram, e Mursi chegou a se reunir com eles, mas não alterou os textos. O presidente se defendeu, dizendo que os decretos visavam apenas proteger a elaboração da nova Constituição.
No último dia 30, o texto foi aprovado, porém a assembleia constituinte estava dominada por islamistas pró-Mursi. Antes, os legisladores liberais e católicos tinham deixado as suas cadeiras, sob a alegação de que a maioria islamita não os deixava trabalhar.
Entre as cláusulas que geraram incômodo estão a que preserva boa parte dos poderes que o Exército tinha na era Mubarak, como aprovar o orçamento militar sem a supervisão do Parlamento. Outro ponto controverso do esboço aprovado ontem é a inexistência de garantias explícitas dos direitos das mulheres.
Entre pontos vistos como positivos está a limitação do mandato presidencial a no máximo dois períodos de quatro anos. No começo desta semana, Mursi assinou o texto aprovado e marcou para o próximo dia 15 o referendo que é necessário para colocá-lo em vigor, gerando revolta.
Exército do Egito cerca palácio presidencial para conter combates
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