Ação foi a primeira que rompeu com cessar-fogo na região
Opera Mundi
As Forças de Defesa de Israel confirmaram nesta sexta-feira (23/11) que seus soldados abriram fogo na fronteira com a Faixa de Gaza, apesar do acordo de cessar-fogo na região. Os oficiais asseguraram, no entanto, que os disparos foram contra "vários grupos de manifestantes" que tentaram derrubar a cerca que separa ambos os territórios.
Essa é a primeira ruptura da trégua estabelecida entre as autoridades israelenses e palestinas na última quarta-feira (21/11), que encerrou com um conflito de oito dias na região. No dia 14 de novembro, Israel lançou a operação “Pilar Defensivo” na Faixa de Gaza, que deixou pelo menos 166 palestinos mortos, mais de mil feridos e dezenas de edifícios destruídos. Em Israel, a morte de seis pessoas foi confirmada.
Um palestino morreu e outros 25 ficaram feridos por conta dos disparos desta sexta (23/11), próximos à cidade de Khan Younis, informaram fontes médicas em Gaza.
De acordo com os oficiais israelenses, cerca de 300 palestinos se aproximaram da cerca fronteiriça em diferentes pontos, provocaram desordens e tentaram entrar em Israel. “Os soldados atuaram segundo as ordens, dispararam para o ar em sinal de advertência e, quando viram que os manifestantes não se afastavam, atiraram em suas pernas", acrescentou.
Israel sustenta que um dos palestinos que participou dos protestos conseguiu inclusive "abrir passagem por meio da cerca e entrar em Israel", onde foi detido e pouco tempo depois, devolvido a Gaza.
As fronteiras israelenses com os territórios palestinos são cercadas por altos muros, vigiadas por militares e contam com pesado equipamentos de segurança. Alegando questões de segurança, as Forças de Defesa de Israel declararam, unilateralmente, uma zona de exclusão de 300 metros ao redor da fronteira. A área rouba terrenos de diversos agricultores palestinos que precisam da terra para sobreviver.
Várias testemunhas discordaram da versão de Israel e explicaram que o grupo era formado por agricultores das aldeias de Al Garara e Abasan que possuem terras próximas à fronteira. Outro testemunho aponta que a vítima, um jovem de 20 anos, tentou colocar uma bandeira do Hamas sobre a cerca que separa Gaza de Israel, informou a Agência Efe.
Por causa do incidente, o Governo do Hamas anunciou que apresentará ao Egito uma queixa contra Israel. As autoridades egípcias, que mediaram as negociações de cessar-fogo entre as partes, assumiram a responsabilidade de verificar o cumprimento do acordo.
De acordo com o texto divulgado pela presidência egípcia, Israel aceitou encerrar incursões e ataques no território palestino. Em contrapartida, grupos de resistência armada palestinos também devem parar de lançar projéteis em direção a Israel e de realizar ataques nas fronteiras.
Paz em Gaza, guerra na Cisjordânia?
Também nesta sexta-feira (23/11), oficiais israelenses detiveram 2 parlamentares do Hamas na Cisjordânia junto com outros 26 palestinos. De acordo com comunicado do governo palestino, a operação prendeu autoridades políticas da região.
É o segundo dia consecutivo de prisões no território palestino. Nesta quinta-feira (22/11), mais de 50 pessoas envolvidas em protestos contra a guerra em Gaza foram presas por soldados israelenses.
Durante as manifestações desta semana, pelo menos dois palestinos foram mortos por disparos de soldados israelenses. Rushdi Tamimi, policial palestino de 31 anos, faleceu nesta segunda-feira (19/11) de complicações médicas depois de ferimentos com balas de fogo no intestino e Hamdi al-Falah, de 22 anos, foi morto durante um protesto depois de ser atingido por quatro disparos.
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