Assessoria de Comunicação
Ministério da Defesa
Brasília, 17/04/2012 — Os ministros da Defesa do Brasil, Celso Amorim, e da Argentina, Arturo Puricelli, decidiram ampliar a cooperação entre os dois países nos campos tecnológico, industrial e político. Além disso, reiteraram a escolha do Conselho de Defesa da União de Nações Sul-Americanas (CDS/Unasul) como principal foro de atuação estratégica para a construção de uma zona de paz para a região.
“Tive oportunidade de conversar com o ministro Puricelli em diversas ocasiões e sabemos que comungamos esse ideal”, afirmou Amorim. Para o ministro argentino, esta seria a melhor maneira de colocar os grandes recursos naturais da América do Sul a serviço dos povos da região.
Ao abrir o encontro, o ministro brasileiro destacou a harmonia existente entre os dois países. “Hoje, a expressão ‘aliança estratégica’ transformou-se num lugar comum, mas devo ressaltar que a relação com a Argentina é diferente. Temos a mais estratégica de todas as relações. Graças a isso, pudemos construir mecanismos bilaterais como a Agência Brasileiro-Argentina de Contabilidade e Controle de Materiais Nucleares, que poderiam servir de modelo para outros países.”
O ministro da Defesa brasileiro lembrou a importância dos dois países para forjar a integração do subcontinente: “Quando vemos a Unasul, esquecemos que o ponto de partida foi a decisão argentino-brasileira de desenvolver uma aliança econômica e política por meio do Mercosul”, disse. “Ao vermos o prédio pronto, nem sempre lembramos de como seus alicerces foram construídos. Tive oportunidade de participar dessa obra desde o início e vi subir, camada por camada, até atingir o patamar atual.”
Amorim, em seguida, destacou o papel do ex-presidente Nestor Kirchner na reunião, em Brasília, que criou a Unasul, antes de concluir: “É muito importante dar continuidade aos laços de fraternidade tão fundamentais entre os dois países.”
Ordem multilateral
O ministro Puricelli (foto à esquerda) lembrou que conheceu Brasília em 1985, quando participou do primeiro encontro para formação do Mercosul. “Vim na comitiva do presidente Raúl Alfonsín, como governador de minha província.”
Para ele, a velha ordem interamericana necessita ser revista por meio da construção de novos mecanismos multilaterais. Puricelli lembrou que muitos organismos internacionais nasceram na época da Guerra Fria, no espírito das décadas de 1950 e 60, que não mais reflete a realidade atual.
A solução estaria num reforço da Unasul e da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas). “Acreditamos num Hemisfério Sul livre da ameaça de armas nucleares”, ressaltou, com a concordância de Amorim.
“A prioridade deve ser a Unasul”, disse o ministro brasileiro, “e não a Conferência dos Ministros de Defesa das Américas (CDMA)” — foro que reúne representantes de todos os países da OEA. “É preciso cooperar com a América do Norte e a Europa, mas devemos priorizar a participação e a integração de nossos países.”
Puricelli ofereceu apoio para a continuidade da pesquisa brasileira na Antártica, afetada por um incêndio que destruiu a Estação Comandante Ferraz. “Temos uma base na mesma ilha e podemos disponibilizar algum espaço para seus pesquisadores”, ressaltou.
Celso Amorim agradeceu a oferta e lembrou que um navio argentino foi fundamental no resgate de pesquisadores e marinheiros da instalação destruída.
Cooperação técnica
Na área de cooperação técnica, Arturo Puricelli mostrou interesse no míssil ar-ar A-Darter, um desenvolvimento conjunto entre a África do Sul e o Brasil. Também propôs uma ação conjunta para a modernização de mísseis antinavios Exocet MM-38 e MM-40. “Já desenvolvemos este trabalho, mas sabemos que realizam algo nesse sentido, que gostaríamos de conhecer”, afirmou.
Entre as propostas de cooperação bilateral, o ministro argentino sugeriu o desenvolvimento de um avião de treinamento primário, projeto já em andamento no âmbito do CDS, e de um veículo aéreo não-tripulado, “que poderia ser adotado como padrão por todos os países da América do Sul.”
Outros pontos de cooperação citados foram satélites de comunicação, a viatura de transporte de tropas Guarani, o Gaúcho (um veículo leve de projeto binacional para uso de forças especiais) e a defesa cibernética.
Amanhã, a comitiva argentina visita a Embraer e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA),
Comitivas
O ministro Arturo Puricelli chegou ao prédio do Ministério da Defesa às 11h. Foi recebido por uma guarda de honra formada por militares das três Forças Armadas. Depois de passar a tropa em revista e ser apresentado às autoridades brasileiras, subiu para uma breve reunião privada com Celso Amorim, antes do encontro de trabalho.
Ao final dos trabalhos, os ministros argentino e brasileiro firmaram os Termos de Referência do Mecanismo de Diálogo Político Estratégico de nível vice-ministerial (MDPEV), que se reunirá
Participaram do encontro bilateral de hoje, pela parte brasileira, o chefe do Estado-Maior da Armada, almirante-de-esquadra João Afonso Prado Maia, comandante-interino da Marinha; os comandantes do Exército, general-de-exército Enzo Martins Peri, e da Aeronáutica, tenente-brigadeiro do ar Juniti Saito; o chefe do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, general-de-exército José Carlos De Nardi, e o secretário de Produtos de Defesa, Murilo Marques.
A comitiva argentina foi formada pelo Chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas da Argentina, brigadeiro-general Jorge Alberto Chevalier; pelo diretor-geral de Pesquisa e Desenvolvimento da Força Aérea Argentina, brigadeiro Abel Cuervo; pelo brigadeiro Genaro Mario Sciola, da Comissão Nacional de Atividades Espaciais (Conae), e pelo coordenador de Política Internacional de Defesa da Secretaria de Assuntos Internacionais da Defesa, Leonardo Hekimian.
Ao final do encontro, os dois ministros assinaram um comunicado conjunto.