Correio Braziliense
O soldado Bradley Manning, processado nos Estados Unidos sob a acusação de roubar documentos secretos e entregá-los ao site WikiLeaks, especializado nesse tipo de vazamento, está sofrendo pressão física e psicológica na prisão, denunciou ontem o relator especial das Nações Unidas sobre tortura, Juan Ernesto Mendez. “Ele (Manning) foi submetido a tratamento cruel, desumano e degradante, constituído por isolamento excessivo e prolongado pelo qual passou durante os oito meses em que esteve na penitenciária de Quantico, na Virgínia”, afirmou o funcionário.
O soldado foi preso em agosto de 2010, após acusações acerca de vazamento de informações para o site WikiLeaks ocorrido entre novembro de 2009 e maio de 2010. Supostamente, Manning teria enviado documentos militares sobre as guerras no Iraque e no Afeganistão, além de 260 mil telegramas do Departamento de Estado, o que desencadeou uma crise na diplomacia mundial. “Felizmente, (o isolamento) acabou depois da transferência para a prisão de Fort Leavenworth, no Kansas, mas a explicação que me deram sobre os oito meses anteriores não é convincente”, declarou o relator.
No ano passado, organismos internacionais de defesa dos direitos humanos acusaram o Corpo dos Fuzileiros Navais de impor a Manning condições muito rígidas enquanto estava preso em Quantico.
Ele foi mantido em uma cela solitária, de onde tinha permissão para sair apenas por uma hora diária.
Além disso, era forçado a dormir sem roupas.
Pena
No fim do mês passado, Manning, de 24 anos, foi indiciado formalmente. A corte norte-americana recebeu 22 acusações contra o soldado — a mais grave de “conluio com o inimigo” —, por conta dos vazamentos. A data do julgamento ainda não foi definida, mas, caso seja condenado, ele pode ser punido até com a prisão perpétua. O processo também indicava que o réu “incentivou a publicação de informações na internet, sabendo que seriam acessíveis ao inimigo”, além de ter “roubado propriedade e arquivos públicos e utilizado programas não autorizados com informações confidenciais”.