Britânicos e brasileiros acertam que embarcações das ilhas usarão bandeiras da Grã-Bretanha
IURI DANTAS / BRASÍLIA - O Estado de S.Paulo
O governo brasileiro obteve da Grã-Bretanha o compromisso tácito de que Londres não questionará a resolução do Mercosul que veta navios com bandeiras do Arquipélago das Malvinas (Falklands, para os britânicos) em portos dos países do bloco. As embarcações passariam, então, a navegar com bandeira britânica ou de outros países.
Segundo fontes diplomáticas, as conversas entre Brasil e Grã-Bretanha poderiam amenizar a reação da Argentina às celebrações dos 30 anos do fim da Guerra das Malvinas, que ocorrem em junho.
Emissários britânicos pedem, nos bastidores, que os argentinos tratem o assunto "com mais maturidade", dado o tempo que se passou desde o fim do conflito.
Os britânicos dizem que o envio do destróier HMS Dauntless às Malvinas é uma operação "rotineira", porque a substituição do navio que protege as ilhas ocorre desde 1982.
A ida do príncipe William às Malvinas é outro fator que Londres tenta evitar que seja encarado como "provocação" - o neto da rainha irá ao arquipélago como parte de seu treinamento militar. Segundo os britânicos, os eventos oficiais serão uma "homenagem aos mortos", não uma afronta à Argentina.
Em tempos de crise econômica, a segurança das Malvinas custa apenas 0,3% do orçamento britânico de Defesa. No entanto, para não prejudicar a economia local, a Grã-Bretanha vêm pressionando Brasília a acabar com o que considera um "bloqueio" naval da produção de minerais e pescado das ilhas. O Brasil quer manter o diálogo com Londres, pois a Petrobrás poderia se beneficiar da exploração de petróleo recém-descoberto na região.