Horas antes da greve, Estado fechou acordo com a União; tamanho de adesão ao movimento definirá uso de soldados ou Força Nacional
PEDRO DANTAS / RIO - O Estado de S.Paulo
Horas antes de a greve fluminense ser deflagrada, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, o comandante do Comando Militar do Leste, general do Exército Adriano Pereira, e o governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB) firmaram no Palácio Guanabara um plano para atuação dos militares em caso de paralisação. No caso de pequena adesão, a Força Nacional de Segurança será mobilizada – 300 homens estão de prontidão. Caso o número de manifestantes seja maior, o governador do Rio planeja solicitar auxílio ao Ministério da Defesa, que poderá coordenar uma operação de Garantia da Lei da Ordem (GLO) - com até 14 mil homens, segundo o secretário de Defesa Civil do Rio, Sérgio Simões.
O Exército colocou à disposição do governo do Rio as tropas de pronto emprego da Brigada de Infantaria Paraquedista, para intervenções imediatas. A Polícia do Exército ficará responsável pelo policiamento ostensivo. "O número de homens depende do cenário. Todos os que forem necessários serão encaminhados pelo governo federal", disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Para a ação na Bahia, foram mobilizados 4.500 homens do Exército.
A 25.ª e a 26.ª Brigadas de Infantaria Paraquedista já realizaram intervenções na segurança pública do Rio diversas vezes, como em uma greve de caminhoneiros, em 1986, ou no patrulhamento do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, em 2011. As tropas de pronto emprego da Brigada Paraquedista são compostas por militares com larga experiência em operações de Garantia da Lei e da Ordem, incluindo a participação na missão das Nações Unidas para estabilização do Haiti.
O patrulhamento das ruas da cidade é a maior preocupação da cúpula da segurança fluminense.
Em diversas assembleias e reuniões, os grevistas afirmaram aos colegas que o movimento do Rio seria diferente do deflagrado na Bahia, onde os PMs ocuparam a Assembleia Legislativa. A intenção dos grevistas fluminenses seria fazer uma greve de aquartelamento sem ocupações.
Segundo líderes grevistas, as tropas especializadas, como o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), o Batalhão de Choque e os policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), também ficariam nos quartéis e sairiam às ruas apenas em caso de tiroteio em favelas, situações com reféns e distúrbios de rua.
Ontem, o presidente da Associação dos Oficiais Militares, coronel da PM Fernando Belo, afirmou que não apoia a greve, mesmo não concordando com o aumento oferecido pelo governo do Rio.
O presidente do Sindicato dos Policiais Civis, comissário Fernando Bandeira, afirmou que a categoria se comprometeu a manter 30% do efetivo em operação para atender a casos de flagrantes, homicídios e remoção de cadáveres. Comissários, detetives e peritos não contam com a adesão dos delegados.
Governo. De Brasília, o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, garantiu que o carnaval não corre risco de ser atingido por motins. Ele ressaltou que as negociações com os policiais avançaram e lembrou que o Rio firmou acordo com as Forças Armadas e a Polícia Federal desde os Jogos Pan-Americanos de 2007. "Nosso foco é o interesse público, a manutenção da paz e da segurança do Estado do Rio e assim vai ser feito", disse. Ele ressaltou que a população do Rio e da Bahia "não merecem" ser prejudicadas por greves feitas por policiais no carnaval. Sérgio Simões, afirmou que é "covardia" paralisação às vésperas do carnaval. "É inaceitável, é leviano." Segundo o secretário, ele também colocou de prontidão 2 mil bombeiros de funções administrativas.
COLABORARAM – ALFREDO JUNQUEIRA e FELIPE WERNECK
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Não posso levar todo esse povo sozinho; essa responsabilidade é grande demais para mim.(Números 11;14)
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