Tenentes Clara Luz e Jackson Machado, do Instituto Militar de Engenharia, superaram cadetes norte-americanos
Raphael Gomide, iG
Rio de Janeiro
Os tenentes do Exército Clara Luz e Jackson Machado, alunos do IME (Instituto Militar de Engenharia), no Rio, foram os primeiros colocados na classificação geral em todas as matérias aplicadas à Engenharia que cursaram
Os dois foram os alunos brasileiros pioneiros no intercâmbio na escola de formação de oficiais dos EUA, onde passaram seis meses, no segundo semestre de 2011. Eles tiveram o melhor desempenho em suas turmas
West Point tem cerca de 4.400 cadetes do Exército dos EUA
A petropolitana Clara, 24 anos, é aluna de Engenharia de Materiais no IME; Jackson, 23, mineiro de Juiz de Fora, cursa Engenharia Química. O destaque no exterior, na academia militar do mais poderoso exército do mundo, não chega a ser novidade para a dupla. Atualmente no quinto e último ano, eles foram selecionados para o programa por merecimento, justamente por serem os primeiros da turma também no IME.
“Cursamos matérias aplicadas à Engenharia. Nesses cursos, tivemos as melhores notas da turma. A base conceitual do IME é muito diferenciada e foi primordial para o nosso desempenho lá.
Com cerca de 500 alunos de graduação, o tradicional instituto do Exército tem nove especialidades e é um dos 27 estabelecimentos de ensino superior – dentre 2.176 avaliados – com nota máxima no Enade (Exame Nacional de Desempenho de Estudantes), que avalia a qualidade do Ensino Superior no Brasil. Teve a 14ª melhor média do Brasil. A história do IME remonta a 1792, quando foi criada a “Real Academia de Artilharia e Desenho”, primeira escola de engenharia e a terceira das Américas, de acordo com o Exército Brasileiro.
West Point fica
Para Jackson e Clara Luz, dimensões de West Point impressionam
O material didático usado é semelhante ao do IME, mas uma das diferenças na parte metodológica é que na academia norte-americana há maior quantidade de aulas práticas que no IME.
“Aqui temos menos aulas de laboratório, porém são mais aprofundadas”, explicou Jackson. Foram outros aspectos da experiência, no entanto, que mais surpreenderam Clara e Jackson.
“Como é um país sempre em conflito, há cadetes do primeiro ano que já são veteranos de guerra, onde estiveram como soldados”, contou Clara.
Nos EUA, os brasileiros não eram os únicos estrangeiros: havia alunos da Alemanha, França, Itália, Chile, entre outros. “Tínhamos a responsabilidade de representar o IME, o Exército e o Brasil”, disse a futura engenheira, que prestou vestibular como civil – a seleção do IME abre vagas para militares e civis –, mas ao fim do primeiro ano optou por seguir a carreira no Exército. “Eu me adaptei rapidamente”, lembra.
Também chamou a atenção dos dois militares a grandiosidade da estrutura de West Point, a escala da logística e a tecnologia disponíveis. “Nos exercícios militares, mil cadetes faziam deslocamentos de helicópteros, com óculos de visão noturna, atirávamos com os armamentos modernos, havia 30 caminhões enfileirados para transportar o pessoal... As proporções são impressionantes”, disse Jackson.
Jackson e Clara pretendem trabalhar no Centro Tecnológico do Exército
Embora quatro cadetes de West Point já viessem para o IME por ano desde 2007, é a primeira vez que brasileiros foram para a academia americana. Os americanos, porém, não são alunos de Engenharia e vêm ao Brasil com o objetivo de se aperfeiçoar em português e aprender sobre o País.
Cursam aulas como Ciências do Ambiente, Gerenciamento de Projetos, Geografia do Brasil e História Militar, alguns montados especialmente para eles e para alunos visitantes, principalmente de academias de países vizinhos e da África.
Com o sucesso da experiência de Jackson e Clara, no segundo semestre de 2013, mais dois alunos do IME a West Point irão e, em 2014, passarão a ser mandados quatro por ano. Uma das preocupações é fazer com que os enviados não sejam prejudicados ao voltar ao IME. A contrapartida pelo prêmio é que os dois acrescentarão ao currículo de 2012 as cadeiras que não fizeram no IME enquanto estavam nos EUA. “Vale a pena”, disse Clara.
Ao fim do primeiro ano, optou por ser militar e pretende trabalhar no CTEx (Centro de Tecnologia do Exército), após se formar. Ela participa de pesquisa sobre detectores infravermelho. Jackson também tem o CTEx e a Imbel como primeira opção.
O desempenho intelectual dos engenheiros demonstra que não é necessário realizar treinamentos físicos esgotantes, como os que são realizados na Academia Militar das Agulhas Negras. Engenheiros usam máquinas e não apenas o próprio corpo.
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