Por Adrian Croft - Reuters
LONDRES, 31 Jan (Reuters) - Um ministro britânico viajará às Ilhas Malvinas em junho a fim de participar da comemoração do 30o aniversário da recaptura das ilhas pela Grã-Bretanha, em uma visita que poderá irritar o governo argentino.
A Grã-Bretanha anunciou que enviará um dos seus navios de guerra mais modernos, o destróier HMS Dauntless, ao Atlântico Sul nos próximos meses para substituir outro navio na patrulha. O país informou, porém, que a medida já estava planejada há muito tempo e é "completamente rotineira".
A tensão entre Grã-Bretanha e Argentina por causa das ilhas sob disputa no Atlântico Sul aumentou de novo, à medida que se aproxima o aniversário da guerra e empresas britânicas procuram por petróleo nas águas próximas às ilhas.
"Vou para coincidir com a conclusão da guerra das Falklands. Irei em junho para o aniversário de 30 anos", disse à Reuters em uma entrevista Jeremy Browne, o ministro do gabinete das Relações Exteriores responsável pelas relações com a América Latina.
Browne disse que espera que sua visita de uma semana não perturbe a Argentina, que já acusou a Grã-Bretanha de agir de forma provocativa ao anunciar que o príncipe William, o segundo na linha de sucessão do trono britânico, será enviado às ilhas este ano para ser piloto de helicóptero da Força Aérea Real (RAF).
"Espero que eles vejam isso pelo que é, ou seja, um reconhecimento do valor e do sacrifício dos soldados britânicos e dos próprios ilhéus das Falklands na libertação das ilhas há 30 anos e também uma comemoração mais ampla pelo sacrifício feito de forma mais geral, incluindo pelos argentinos", disse ele.
Browne é o primeiro ministro do governo de coalizão da Grã-Bretanha, que está há 20 meses no poder, a anunciar uma visita às ilhas e será o primeiro ministro do gabinete das Relações Exteriores a ir até lá desde 2008.
Londres controla as ilhas - situadas a 480 quilômetros da costa sul da Argentina - desde 1833. Em 1982, a Grã-Bretanha enviou uma força naval e milhares de soldados para reclamar as ilhas depois que forças argentinas as ocuparam. Cerca de 650 argentinos e 255 soldados britânicos morreram no conflito que durou 10 semanas.
A Grã-Bretanha recusa-se a negociar com a Argentina sobre a soberania das ilhas. O primeiro-ministro David Cameron disse este mês que a Grã-Bretanha está comprometida com a proteção das ilhas e afirmou que o desejo dos ilhéus é soberano.
Em dezembro, o bloco Mercosul - incluindo o membro associado Chile - concordou que as embarcações viajando com a bandeira das Falklands seriam proibidas de aportar em qualquer um de seus portos em solidariedade à Argentina.
Depois que a presidente argentina, Cristina Kirchner, descreveu a Grã-Bretanha no ano passado como uma "potência colonial grosseira em declínio" por se recusar a conversar sobre as ilhas, Cameron respondeu este mês, acusando a Argentina de "colonialismo".
Browne -- que é membro do partido Liberal Democrata, de centro-esquerda, o parceiro menor da coalizão governista -- disse que não vê a disputa como uma barreira para a iniciativa britânica de estabelecer relações mais fortes com os países da América Latina, "com a exceção da Argentina".
Na semana passada, a Argentina nomeou Alicia Castro como sua nova embaixadora em Londres, um posto que estava vago desde 2008 em protesto à recusa da Grã-Bretanha em negociar sobre as Malvinas.
(Reportagem de Mohammed Abbas)