Ação de milícias opositoras é a mais organizada desde o início da revolta contra o regime do líder sírio, há oito meses; na ONU, EUA e aliados começam a trabalhar em nova resolução do Conselho de Segurança contra o governo de Damasco
GUSTAVO CHACRA - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE / NOVA YORK – Milícias opositoras atacaram uma base da inteligência da Força Aérea da Síria na mais articulada ação militar contra as Forças do regime de Bashar Assad em oito meses de levantes. Ao menos seis militares morreram. No dia anterior, estes mesmos grupos mataram 34 soldados e policiais em outra operação.
No Conselho de Segurança da ONU,
O ataque contra a base de inteligência e as mortes dos soldados demonstram uma militarização cada vez maior da crise síria. Apesar de ainda controlar todo o território, o Exército enfrenta resistência em uma série de regiões. Para complicar, a ação de ontem aconteceu em uma área próxima a Damasco, onde a oposição nem sequer consegue organizar protestos contra o regime.
Diplomatas na capital e analistas divergiam se a operação contra a base da Força Aérea é um divisor de águas no conflito na Síria. Na ação, foram usadas metralhadoras e foguetes. De acordo com ativistas sírios, os responsáveis são integrantes do Exército de Libertação sírio.
Normalmente, a imprensa oficial síria dá enorme destaque a mortes de soldados e policiais para tentar demonstrar que o regime luta contra uma oposição armada e não apenas manifestantes pacíficos.
Desta vez, a operação contra o complexo de inteligência não foi sequer noticiada pela agência de notícias Sana.
O coronel Riad al-Asaad comanda o Exército de Libertação sírio de sua base na Turquia. Os integrantes desta milícia são militares que desertaram das Forças Armadas. Em Damasco, o comandante da organização é visto como um charlatão. Mesmo membros de outras milícias sírias ironizam Asaad por ele estar no território turco, bem distante de onde acontecem as operações contra o regime.
Segundo relatos feitos ao Estado por observadores em Damasco, radicais sunitas que são veteranos da Guerra do Iraque podem estar por trás das recentes operações contra o regime de Assad.
Estes grupos estão bem mais preparados do que o Exército de Libertação e possuem uma série de armamentos contrabandeados através da fronteira.
Ataques. Os simpatizantes de Assad, em sua maioria cristãos e alauitas, também voltaram a atacar missões diplomáticas estrangeiras, agravando o isolamento internacional do regime.
As embaixadas da Jordânia, Emirados Árabes e do Marrocos foram atacadas dias depois de o mesmo ter acontecido com as da Turquia, Catar, França e Arábia Saudita.
Os franceses retiraram o seu embaixador de Damasco por causa da violência.