FOLHA DE SP
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Um centro do serviço secreto sírio nas proximidades de Damasco foi atacado na madrugada desta quarta-feira por soldados desertores, informaram os Comitês Locais de Coordenação (LCC), que organizam as manifestações da oposição ao regime de Bashar Assad.
Esse é o primeiro relato de uma ação contra uma grande instalação do setor de segurança da Síria, em oito meses de levante contra Assad.
Membros do grupo Exército Livre da Síria --grupo de oposição armado que foi criado em julho pelo coronel Riad Assad-- lançaram foguetes e dispararam com metralhadoras contra um complexo da inteligência da Força Aérea nos arredores da rodovia Damasco-Aleppo, de acordo com os relatos.
"O Exército Livre atacou com foguetes o quartel-general dos serviços de inteligência situado na entrada de Damasco", afirma um comunicado dos Comitês.
"Escutei várias explosões e o som da troca de tiros de metralhadora", declarou um morador do subúrbio de Harasta, que não quis se identificar.
Não houve de imediato informações sobre vítimas e a área onde ocorreu o confronto permanecia inacessível, segundo as fontes. A Síria vem barrando o trabalho da maioria da mídia estrangeira, o que torna difícil a checagem dos eventos no local.
A inteligência da Força Aérea vem atuando com o setor de inteligência dos militares para dissuadir a dissidência no Exército. As duas divisões têm sido peças-chave na repressão às manifestações contra Assad.
MORTES
Nos cálculos da ONU, mais de 3.500 pessoas já morreram desde o início dos protestos na Síria.
Nesta quarta-feira, pelo menos mais seis pessoas morreram pela força da repressão do regime, apesar do fim do prazo dado pela Liga Árabe às autoridades sírias para parar a violência interna.
Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos, pelo menos três soldados desertores e um civil morreram em uma emboscada preparada pelas tropas de Assad na cidade de Kafr Sita, na província central de Hama.
Em Zabadani, perto de Damasco, um prisioneiro de 41 anos morreu depois de ter sido posto em liberdade pelas forças de segurança, que atiraram assim que ele se encontrou com sua família, disseram o LCC. Já em Kafranabil, na província setentrional de Idleb, outra pessoa perdeu a vida por disparos indiscriminados dos corpos de segurança.
A expectativa é que hoje os ministros de Relações Exteriores da Liga Árabe se reúnam em Rabat para determinar se entra em vigor a suspensão da participação Síria nesta organização, decidida no sábado passado em um encontro no Cairo.
Ontem, as autoridades sírias anunciaram a libertação de 1.180 pessoas detidas durante a revolta em cumprimento de uma das exigências da Liga Árabe, mas o regime de Damasco não respondeu outros pedidos como a retirada das forças de segurança das ruas.