Secretário Panetta analisa reduções no orçamento até mesmo em áreas antes consideradas sagradas para atender metas
TOM SHANKER &, ELIZABETH BUMULLER, THE NEW YORK TIMES, SÃO JORNALISTAS
Com ordens para cortar o orçamento do Pentágono em mais de US$ 450 bilhões na próxima década, o secretário da Defesa dos EUA, Leon Panetta, analisa reduções em gastos antes considerados sagrados, especialmente no caso dos benefícios de aposentadoria e assistência médica, como também reduzir o número de soldados e compras de novo armamento.
Panetta reconheceu em entrevista que está enfrentando fortes pressões políticas à medida que estuda os cortes do Pentágono, que dobraram para US$ 700 bilhões ao ano desde os atentados de 11 de setembro de 2001. Ele afirmou que atender a essas metas de redução de déficit pode exigir mais uma série de fechamentos de bases, medida bastante polêmica já que membros do Congresso rotineiramente lutam para proteger os postos e bases militares em suas comunidades.
Entre outras medidas, disse Panetta, os estrategistas do Pentágono estudam cortes adicionais no arsenal nuclear, buscando determinar quantas ogivas o Exército necessitaria para conter ataques.
Ele insistiu também na possibilidade de um corte no número de soldados americanos em bases na Europa, afirmando que os EUA compensariam essa retirada ajudando os aliados da Otan a melhorar suas Forças Armadas. Esses esforços podem liberar recursos para os EUA conseguirem manter ou aumentar suas forças na Ásia, uma prioridade do governo Barack Obama, e manter sua presença no Golfo Pérsico após a saída do Iraque, no fim do ano.
Na entrevista, Panetta forneceu detalhadas informações sobre os planos para cortar e reformular o Exército para se ajustar a um orçamento menor, mas protegendo os interesses da segurança nacional e dando assistência ao pessoal militar e as famílias deles.
Panetta apresentou as propostas de cortes menos de três semanas antes de uma comissão bipartidária especial apresentar um plano de grande alcance para redução do déficit dos EUA. Se a comissão não avançar e não conseguir chegar a um plano de redução do déficit de US$ 1,2 trilhão, então cortes automáticos serão feitos e o Pentágono poderá sofrer uma redução adicional de US$ 500 bilhões na próxima década.
O secretário alegou que esses cortes adicionais são potencialmente prejudiciais. Diante disso, aliados no Congresso, especialmente republicanos na Câmara e nas Comissões dos Serviços Armados do Senado, que estão preparando um projeto de lei que cancelaria os cortes automáticos nos programas militares, ou os trocaria por cortes em outras. Além da perspectiva de cortes automáticos, alguns republicanos já criticaram as planejadas reduções do governo considerando-as perigosamente severas.
Alguns membros do Tea Party e liberais, ao contrário, têm afirmado que os cortes propostos são muito modestos.
Os mais de US$ 450 milhões de cortes pretendidos pelo governo implicarão uma redução do orçamento militar de 7% a 8% nos próximos 10 anos, além da redução de gastos com a retirada das tropas do Iraque e do Afeganistão, segundo projeções orçamentárias do governo. Embora as despesas do Pentágono sejam de US$ 700 bilhões este ano, o orçamento operacional base do Departamento da Defesa é de US$ 530 bilhões, com o restante do valor alocado pelo Congresso para as guerras no Iraque e Afeganistão. Autoridades do Pentágono preveem que o gasto total da Defesa cairá para US$ 522,5 bilhões em 2017.
TEREZINHA MARTINO – O Estado de SP