Troca de ataques entre radicais palestinos da Jihad Islâmica e forças israelenses acaba com cessar-fogo e provoca 11 mortes
Renata Tranches – Correio Braziliense
Nem mesmo a mediação do Egito foi capaz de deter a escalada de violência entre o Exército de Israel e facções palestinas da Faixa de Gaza, que teve como saldo, até a noite de ontem, 11 mortos — e o acirramento das tensões na região. Um cessar-fogo entre a Jihad Islâmica e Israel para encerrar o conflito chegou a ser definido, mas foi quebrado em menos de oito horas de vigência, com bombardeios israelenses a um “comando terrorista que se preparava para lançar foguetes contra o país”, segundo autoridades israelenses.
O ataque israelense de ontem matou um combatente da Frente Democrática de Libertação da Palestina (FDLP), organização nacionalista de extrema-esquerda, elevando a 10 o número de baixas palestinas em 24 horas. Os outros nove mortos eram ativistas da célula radical Jihad Islâmica. Um civil israelense morreu em decorrência dos ferimentos provocados por projéteis disparados contra o sul de Israel, na noite de sábado. Os conflitos deveriam ter sido encerrados com o cessar-fogo, que começou a valer a partir das 6h, horário local (2h, em Brasília). A Jihad Islâmica chegou a afirmar que estava “comprometida com a trégua tanto quanto os israelenses estavam com suas ocupações”. Em comunicado, o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, afirmou, por sua vez, que “não havia trégua”.
Pressão
Para o cientista político Ely Karmon, pesquisador do Instituto Internacional de Contra-Terrorismo (Israel), a Jihad Islâmica age motivada pela influência do Irã, tanto financeira como ideológica. Em entrevista ao Correio, ele afirmou que a nação persa teria interesse em atrapalhar a aparente trégua que se instalou entre o grupo Hamas e Israel após a troca do soldado israelense Gilad Shalit por 1.028 prisioneiros palestinos.
Outra razão, na opinião de Karmon, seria o interesse da própria facção radical em ver até onde Israel “pode ir” após essa negociação. O Hamas, por sua vez, diz não ter nenhuma ligação com o conflito ou com a Jihad Islâmica. O Fatah, grupo moderado que controla a Cisjordânia, não havia se pronunciado até a noite de ontem.
Outra razão, na opinião de Karmon, seria o interesse da própria facção radical em ver até onde Israel “pode ir” após essa negociação. O Hamas, por sua vez, diz não ter nenhuma ligação com o conflito ou com a Jihad Islâmica. O Fatah, grupo moderado que controla a Cisjordânia, não havia se pronunciado até a noite de ontem.
Na internet, em blogs e no Twitter, ativistas palestinos denunciaram o que chamaram de “terror israelense” contra a população da Faixa de Gaza. “Você não consegue escapar (do barulho dos drones).
Isso segue você para onde for. Isso tortura você psicologicamente e de outras maneiras que nenhuma cientista descobriu ainda”, relatou a ativista Yasmeen El Khoudary.