Do UOL Notícias*
Em São Paulo
Com o nome de “Operação Liberdade Duradoura”, começava em 7 de outubro de 2001 uma guerra feita sem uma estimativa exata de tempo, já que o principal objetivo era capturar o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden. Liderado pelos Estados Unidos e forças de coalizão, o conflito tinha também como objetivo neutralizar o regime taleban no Afeganistão e levar segurança à população.
Dez anos depois, apesar de levar à queda o regime taleban e possibilitar a primeira eleição direta da história do país [em 2004, com vitória de Hamid Karzai], a ofensiva ordenada pelo ex-presidente norte-americano George W. Bush aumentou a resistência taleban e, por consequência, a violência se estendeu no país. Bin Laden foi finalmente morto em maio passado, mas o balanço da guerra ainda é muito pesado para os americanos.
Cerca de 100.000 soldados americanos ainda estão no Afeganistão; somados aos militares que lutaram no Iraque, 7.500 soldados americanos e dos países aliados morreram nas duas guerras, dois conflitos que já custaram US$ 1 trilhão aos cofres americanos e que fizeram explodir a dívida do país.
Segundo os últimos números da guerra divulgados pelo site icasualties.org (que divulga balanços desde 2001), só os EUA perderam 1.801 soldados. Já o exército britânico, um dos principais aliados do governo americano na guerra, com 9.500 homens enviados, perdeu 382 soldados. Somadas, as baixas nas tropas estrangeiras chegam a 2.753 em dez anos de guerra.
A invasão, ao contrário do que pretendia o presidente Bush, não melhorou a situação do país no quesito segurança. A ONU já alertou que o Afeganistão poderia se tornar um Estado fracassado devido a um aumento da violência, a crescente produção de drogas ilegais, bem como a fragilidade das instituições estatais.
O país se tornou frequente alvo de atentados e, para as mulheres, é hoje o lugar mais perigoso para se viver, listado no número 150 do Índice Global da Paz, ranking com 153 países, sendo um dos mais violentos.
Para as mulheres, segundo a Fundação Thomson Reuters, o país é o mais perigoso do mundo para se viver. De 70% a 80% delas se casam contra a vontade; 87% são analfabetas, e uma a cada 11 meninas morrem no parto; apenas 27,7% dos membros do parlamento são mulheres.
"Desde 2001, as mulheres avançaram em áreas como a participação na vida política, o respeito a seus direitos e a educação, mas estas conquistas obtidas dolorosamente continuam sendo frágeis", afirma a ONG Oxfam em um relatório. "Com a retirada iminente das forças internacionais, existe o risco de que o governo sacrifique os direitos das mulheres para poder alcançar um acordo político com os talibãs e outros grupos rebeldes armados".
Só em 2010, o conflito afegão provocou a morte de 2.400 civis, uma média de seis por dia, número recorde em todos os anos de confronto, segundo a ONG ARM (Monitor dos Direitos Afegãos, na sigla em inglês).
A era Obama
Em 2009, ao ser eleito presidente dos Estados Unidos, Barack Obama anunciou mudanças na condução da guerra no Afeganistão e no combate à Al Qaeda, com o envio de mais de 4.000 militares para treinar as tropas afegãs, além de funcionários civis.
No final do ano, autorizou o envio de mais 30.000 soldados e se comprometeu a iniciar a retirada de parte das tropas americanas do país em julho de 2011. O que aconteceu na teoria. Obama anunciou seu plano de retirada em junho deste ano.
A retirada gradual dos solados começou no mesmo mês. Até o final do ano, 10 mil soldados devem retornar aos EUA e outros 23 mil até o final de 2012. Outros países também já anunciaram seus planos de retirada, entre eles França e Itália, que até 2012 e 2014, respectivamente, devem retirar todas as suas tropas do Afeganistão. A saída completa e a transferência de poder para os líderes afegãos deve acontecer apenas em 2014.
*Com informações de agências internacionais
Em 10 anos da guerra no Afeganistão, morte de Bin Laden não ameniza peso do conflito para os EUA
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