Luiz Carlos Azedo - Correio Braziliense
Emoção
Ao lado do ministro da Defesa, Celso Amorim, da filha, Paula, e de seu neto, Gabriel, a presidente Dilma Rousseff quase foi às lágrimas ao ouvir no palanque oficial a execução do Hino da Independência. Pouco executado nas cerimônias oficiais, era o preferido dos oposicionistas durante o regime militar.
O dia da pátria
Foi um 7 de setembro diferente em Brasília. Primeiro, uma mulher comandou a maior festa cívica do país. Mais do que isso, uma ex-oposicionista que foi presa e torturada durante o regime militar.
Segundo, houve ampla participação popular, seja no desfile cívico-militar, seja na marcha contra a corrupção convocada pelas redes sociais. Mas não houve protestos contra a presidente Dilma Rousseff.
Quando o comandante militar do Planalto, general de divisão Araken de Albuquerque, um dos mais preparados e destacados de sua geração, solicitou à presidente Dilma Rousseff permissão para iniciar e encerrar os desfiles, seu gesto foi mais do que protocolar. Era uma demonstração de que o Brasil vive uma ordem democrática consolidada e de que a igualdade de gênero, num país de formação machista, é factível em todos os setores de atividade. Nesse aspecto, foi emblemática a numerosa presença das mulheres da Marinha, do Exército e da Aeronáutica no desfile.
Um capítulo à parte foi a manifestação popular contra a corrupção. Começou timidamente, com 400 ativistas que a organizaram, mas terminou reunindo quase 40 mil pessoas. Convocada pelas redes sociais com apoio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Associação Brasileira de Imprensa, uma multidão, jovens na maioria, protestou sem quaisquer incidentes. Após o desfile militar, foi inevitável a confraternização dos ativistas com o povo que prestigiou a parada militar na Esplanada.
Sucata
O desfile militar foi um retrato do nível de sucateamento das Forças Armadas. A única novidade foi o protótipo do carro de combate Guarani, uma versão modernizada do Urutu, também de fabricação nacional (Iveco/Fiat). O plano de reaparelhamento das Forças Armadas prevê a construção de 3 mil veículos do novo modelo.
Gafe
Por muito pouco o comandante militar do Planalto, general Araken de Albuquerque, não ficou com a mão estendida no ar após a presidente Dilma Rousseff passar em revista as tropas antes do desfile. Ela recebeu a saudação de praxe e se esqueceu do aperto de mãos, deixando-o desconcertado. O cerimonial consertou a gafe e Dilma cumprimentou o militar.