Dez mil homens das três Forças Armadas, operando de forma integrada com as polícias estaduais e federal, fecham a fronteira com três países
Assessoria de Comunicação Social
Ministério da Defesa
Brasília, 19/09/11 — A Operação Ágata 2, deflagrada pelo Ministério da Defesa no âmbito do Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), teve início na última sexta-feira (16/9), com o uso de 30 aeronaves (de caça, asas rotativas, transporte e reconhecimento) e aeronave remotamente pilotada (mais conhecida como Vant) da Força Aérea e de 10.000 militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. A iniciativa integra o Plano Estratégico de Fronteiras (PEF), lançado pela presidenta Dilma Rousseff em 8 de junho.
Neste momento, 7 mil homens do Exército patrulham 3,5 mil quilômetros de fronteira com o Uruguai, Argentina e Paraguai. “Hoje, a fronteira do Brasil, do Chuí (RS) a Corumbá (MS), está fechada”, afirmou o general-de-exército Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do Sul, ao apresentar a operação à imprensa, em Porto Alegre (RS). Segundo ele, foram instalados postos de controle e fiscalização em toda a faixa abrangida pela operação. “As vias principais, os pontos focados pela inteligência, aqueles locais mais previsíveis estarão sendo monitorados”, destacou. “E onde não tivermos tropas, serão monitorados pela inteligência.”
Ao contrário da Operação Ágata 1, realizada em um ponto fixo junto à fronteira da Colômbia, a segunda etapa utilizará patrulhas móveis, deslocadas a partir de informações obtidas por inteligência direta, satélites, aviões radares e de um Vant.
Elemento aéreo
Para defender o espaço aéreo contra voos ilícitos, durante a Operação Ágata 2 a FAB mantem aviões de caça F-5EM e A-29 Super Tucano nas cidades de Dourados (MS) e Maringá (PR), próximas à fronteira com o Paraguai, além das Bases Aéreas de Canoas (RS) e Campo Grande (MS).
“Essas aeronaves, em caso de necessidade, são acionadas pelo Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (Comdabra) e interceptam aquela aeronave considerada como suspeita para uma averiguação”, afirmou o major-brigadeiro-do-ar Flávio dos Santos Chaves, comandante do destacamento aéreo da operação. Nessa missão também é empregada a rede de radares do Segundo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta 2), de Curitiba (PR).
A operação não tem data para acabar. O objetivo é combater o crime na região. “As Forças Armadas estando próximo das nossas fronteiras inibem um ilícito que por ventura alguém queira cometer”, explicou o Brigadeiro Chaves.
Plano de fronteiras
Assim como a Ágata 1, ocorrida em agosto na Amazônia, a nova operação faz parte das ações do Plano Estratégico de Fronteira, instituído por decreto presidencial com a previsão de estabelecer uma coordenação conjunta e consensual para atuar nas áreas limítrofes do País.
A Ágata 2 integra equipes do Exército, Marinha e Aeronáutica, da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), das polícias Civil e Militar do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e Mato Grosso do Sul, da Receita Federal, da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Cerca de 11 milhões de brasileiros vivem nos 710 municípios da faixa de fronteira. Dos 16 mil quilômetros da linha limítrofe, 9,5 mil são permeados por rios que nascem nos países vizinhos e descem em direção ao território nacional, servindo como rotas de atuação do crime organizado. Para enfrentar o problema, os ministérios da Defesa e da Justiça definiram 34 pontos de vulnerabilidade, que serão cobertos pelas Forças Armadas em sucessivas edições da Operação Ágata.
O Plano Estratégico de Fronteiras também tornou permanente a Operação Sentinela, coordenada pelo Ministério da Justiça desde 2010. Também serão instalados gabinetes de gestão integrada de fronteira (GGIF) nos dez estados brasileiros que fazem divisa com outros países. Corumbá (MS) e Foz do Iguaçu (PR) já possuem essas unidades que integram e articulam o trabalho dos órgãos de segurança pública federais, estaduais e municipais.
Ágata 1
Iniciada no dia 5 de agosto, a Operação Ágata empregou , ao longo de duas semanas, cerca de 3 mil militares das Forças Armadas e agentes de outros órgãos de Estado na fronteira amazônica com a Colômbia. As ações militares, na avaliação do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), surtiram o efeito desejado. “Incrementamos a presença do estado brasileiro na faixa de fronteira e inibimos a ação das organizações criminosas que atuam na área”, afirma o general-de-exército João Carlos Vilela Morgero, chefe de Preparo e Emprego do EMCFA.
De acordo com o general Vilela, a Ágata 1, como foi chamada a operação realizada na fronteira com a Colômbia, serviu também para potencializar o poder de atuação da força terrestre na Amazônia e para integrar as Forças Armadas aos demais entes estatais envolvidos na operação.
Trinta e cinco aeronaves foram utilizadas na operação, incluindo helicópteros de ataque, caças da Força Aérea Brasileira (FAB) e uma aeronave remotamente pilotada (ARP), mais conhecida como Vant. Foram localizadas e destruídas três pistas clandestinas. Em cada missão, quatro caças A-29 Super Tucano lançaram oito bombas de 230 kg contra os alvos. Em São Gabriel da Cachoeira, militares apoiaram o trabalho dos agentes da Receita Federal na fiscalização de estabelecimentos comerciais de material de construção. Foram apreendidas aproximadamente 16 toneladas de cimento sem documentação.
Durante a operação, foram localizados ainda um garimpo ilegal e uma área de desmatamento, localizadas em reservas indígenas. Uma aeronave foi deslocada para a região e registrou uma serraria em funcionamento. Agentes federais e militares apreenderam 30 m³ de madeira beneficiada extraída ilegalmente.
Vários meios navais foram utilizados em operações ribeirinhas e atividades cívico-sociais (Aciso) nas calhas dos Rios Solimões, Içá, Negro e Japurá. Durante as atividades de controle, 2.860 embarcações foram abordadas. Vinte delas foram notificadas, outras 15 foram apreendidas – entre elas, uma balsa com uma carga de peixes ornamentais. Segundo agentes do Ibama, essas espécies possuem enorme valor comercial fora do país, o que estimula a pesca ilegal.
Ações sociais
Pelo menos 1.500 pessoas foram atendidas nas ações cívico-sociais realizadas pela Marinha, que resultaram em mais 6.500 procedimentos realizados. As ações médicas incluíram a realização de exames, inclusive mamografias, em moradores das comunidades locais.
Ministério da Defesa desencadeia segunda etapa da Operação Ágata
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