Roberto Godoy - O Estado de S.Paulo
Exército é Exército e polícia é polícia - as duas organizações não se misturam, mas podem ser complementares. A força militar não é conciliadora. A corporação da segurança pública, sim, é. A diferença é que a primeira atinge sua meta empregando qualquer medida de força. A segunda trabalha pelo menor dano possível. Em novembro de 2010, quando a ação conjunta das Forças Armadas e da estrutura policial do Rio provocou a fuga de traficantes do Complexo do Alemão e a retomada da região pela autoridade pública, era esperado que as tropas fossem gradativamente retiradas. Na ocasião, um veterano da Missão de Estabilização do Haiti disse ao Estado que o desgaste de uma exposição prolongada, e dos inevitáveis confrontos, transformaria o aplauso daquele momento em crítica. A extensão da presença dos soldados em lugares como a Favela da Grota confirmou a análise.
O incidente de domingo, em que um grupo armado do Comando Leste envolvido no patrulhamento disparou balas de borracha contra moradores da rua 2, deixando 12 feridos, é emblemático. O treinamento militar implica reação de combate. Policiais teriam ignorado a provocação ou eventualmente detido suspeitos por desacato. A inteligência tinha a informação de que traficantes iriam invadir o conjunto de favelas a qualquer momento. Reação rápida. Um esquadrão de seis blindados e cerca de cem fuzileiros tratou de bloquear os acessos. Em seguida, um segundo contingente, com o mesmo número de policiais e soldados, cercou os pontos secundários usando mais seis Urutus. Às 21 horas, sob fogo pesado, a pacificação do Alemão entrou em moratória.
Força de Ocupação reagiu à tentativa de invasão da favela
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