O front mais avançado das tropas legalistas

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Nilson Mariano - Zero Hora

Uma vanguarda com 56 combatentes do Exército foi a que mais avançou além do território gaúcho para defender a causa da Legalidade. Sob o comando do então tenente Antonio De Bem, o 3º Pelotão de Reconhecimento Mecanizado de Porto Alegre chegou a ocupar a cidade catarinense de Tubarão, na virada de agosto para setembro de 1961.
 
Publicada desde domingo, a série A Face Desconhecida da Legalidade gerou manifestações de protagonistas do levante liderado pelo governador Leonel Brizola para garantir a posse de João Goulart na Presidência da República. Queriam contar sobre sua participação, acrescentar detalhes à reportagem.

 
Atualmente com 75 anos, morando em Cruz Alta, Antonio De Bem afirma que o seu pelotão foi o mais avançado.

 
– O nosso front foi significativo para a Legalidade – orgulha-se De Bem.

 
Pertencente ao 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizada, de Porto Alegre, o 3º Pelotão incursionou pelo litoral catarinense. Passou por Araranguá, Criciúma e chegou a Tubarão, aproximandose perigosamente de Florianópolis. Naquele momento, a capital catarinense estava fortificada por fuzileiros navais, paraquedistas, destróiers e o porta-aviões Minas Gerais, enviados do centro do país para sufocar o Movimento da Legalidade.

 
De Bem, que hoje é coronel reformado, diz que o seu pelotão era a vanguarda de uma tropa bem maior, integrada por cerca de mil homens do 18º Batalhão de Infantaria (Porto Alegre) e do 19º Regimento de Infantaria (São Leopoldo). O comboio terrestre movia-se com jipes, viaturas e caminhões, que transportavam carros de combate M3A1. A ordem de progredir vinha conforme os avanços. Nas cidades, De Bem vestia-se de civil para investigar o ânimo da população e se havia militares adversários de tocaia. Em Criciúma, foram bem recebidos, ganharam até uma flâmula dos trabalhadores das minas de carvão, que apoiavam a posse de João Goulart.

 
Antes de Tubarão, aconteceu o inesperado. No escuro da madrugada, o pelotão de reconhecimento topou com padres. De Bem reproduz, com a exatidão que é possível após 50 anos, o apelo recebido:

 
– Pelo amor de Deus, não entrem em Tubarão, vai ser uma mortandade. Não sigam.

 
A vanguarda foi adiante, mas não se demorou em Tubarão. Logo recebeu ordens para recuar até Içara e aguardar novas determinações. Resolvido o impasse que paralisou o país, as tropas gaúchas retornaram a Porto Alegre. Sem disparar nenhum tiro no cumprimento da missão.

 
– A recepção foi emocionante, as pessoas nos saudaram desde a estátua do Laçador até o centro da cidade – lembra De Bem.

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