Em artigo, economista chinês chama interesses americanos de ‘egoístas’
O Globo
PEQUIM. A China voltou a criticar os Estados Unidos ontem e a responsabilizá-los pela crise global. Em editorial distribuído pela agência oficial de notícias chinesa Xinhua, o governo asiático disse que é hora de os americanos “refletirem” sobre sua posição hegemônica, para o bem-estar das demais nações. Paralelamente, artigo publicado no jornal do Partido Comunista chinês frisou que a atuação militar americana no mundo está minando sua economia e pode “seriamente impedir o desenvolvimento estável da economia global”. A China detém US$1 trilhão em títulos do Tesouro dos EUA, o que faz do país o maior credor da dívida americana.
“Desde o colapso da União Soviética, os EUA, como única superpotência mundial, confiaram no seu poderio militar para se intrometer em todos os assuntos internacionais, avançando na sua hegemonia, sem a devida atenção se sua economia poderia sustentar isso”, diz o editorial da Xinhua.
“Agora é a hora certa para que os EUA, presos em dificuldades econômicas, reflitam sobre seu pensamento dominante e sobre suas ações”, continua o texto.
Alerta para sistema monetário internacional
O artigo recomenda ainda que Washington “mude suas políticas de interferência no estrangeiro”, e lembra que o governo americano gastou US$689,1 bilhões em 2010 em ações militares.
Já artigo publicado ontem no jornal do Partido Comunista chinês, o “People’s Daily” diz que políticas ocidentais colocaram “interesses egoístas” na frente de interesses de longo prazo da comunidade internacional. Assinado pelo economista Sun Lijian, o artigo diz que “deve ser entendido que se EUA, Europa e outras economias avançadas falharem com suas responsabilidades e continuarem com uma incessante confusão por causa de interesses egoístas, isso vai seriamente impedir o desenvolvimento estável da economia global”.
O economista disse ainda que a decisão da agência de classificação de risco Standard and Poor’s de rebaixar a nota de crédito dos EUA foi um “alerta para o sistema monetário internacional dominado pelo dólar” e que as grandes vítimas não serão os EUA e, sim, outros países que dependem da demanda externa.