Pesquisadores alemães mostram como o conflito brutalizou os oficiais nazistas, que se divertiam com mortes e violência contra mulheres de nações inimigas
Gabriela Loureiro - Veja
Há exatamente 67 anos, as forças aliadas desembarcaram na costa da Normandia, na França, iniciando a ofensiva que levaria ao fim a II Guerra Mundial, maior conflito da história da humanidade. O dia 6 de junho de 1944, ou dia D, é um marco no início da derrocada da Alemanha nazista, cujas atrocidades são temas de inúmeros documentários, estudos e pesquisas até hoje. Um deles é o livro "Soldados - transcrições de lutar, matar e morrer" (tradução livre de Soldaten - Protokolle vom Kämpfen, Töten und Sterben), recentemente lançado na Alemanha, com previsão de chegar às livrarias brasileiras em 2012.
A obra traz o ponto de vista daqueles que participaram da Segunda Guerra, mostrando sobre o que os soldados do Eixo (países liderados por Alemanha, Itália e Japão, que combatiam os aliados, liderados por Estados Unidos, Reino Unido e União Soviética) conversavam entre si. Entre os principais assuntos estão ataques, tecnologia de batalha e mulheres. Para chegar a essas informações, o historiador Sönke Neitzel e o psicólogo Harald Welzer analisaram mais de 153.000 páginas de transcrições de conversas entre prisioneiros de guerra alemães, japoneses e italianos gravadas por britânicos e americanos durante o conflito.
O objetivo dos autores com o livro é justamente comprovar, por meio dos relatos, o senso-comum segundo o qual a guerra brutaliza os homens. Na escolha dos relatos, a preocupação dos autores era mostrar como, num contexto extremamente feroz, os envolvidos passam a considerar a violência como algo comum em seu dia a dia.
Estereótipos - No livro, são comprovados também alguns dos clichês da II Guerra, como a lenda de que os alemães eram brutais e os italianos desistiram sem lutar. Os autores estabeleceram “padrões de rendição”, que determinam como os soldados de cada nacionalidade se entregavam quando não podiam mais combater.
O ideal alemão era "jamais seja fraco". Portanto, se um soldado alemão lutou com braveza e deu tudo de si, mas não foi o bastante, ele tinha o aval da nação para se render. Já os italianos, que acreditavam que seus líderes eram corruptos, pensavam: “Por que nós deveríamos morrer por isso? Vamos desistir enquanto podemos”. No Japão, a sociedade esperava que seus soldados lutassem para vencer ou morrer, então ser preso não era uma alternativa. Por isso, quando os soldados japoneses eram capturados, sentiam-se profundamente envergonhados.
Essa mudança de perspectiva, que transforma o ser humano em uma máquina de matar, pode ser bem rápida, como mostra um trecho do livro em que um soldado alemão descreve um de seus ataques à Polônia. "Eu tive que soltar bombas em uma estação de trem em Poznan no segundo dia de guerra na Polônia. Oito das 16 bombas caíram na cidade, bem no meio das casas. Eu não gostei disso. No terceiro dia eu não me importava, e no quarto dia eu tinha prazer em fazer isso."
Nazismo - Os soldados nazistas, em particular, possuíam uma impressionante facilidade em descrever as atrocidades cometidas pelas tropas alemãs. São deles as declarações mais polêmicas e chocantes do livro, nas quais descrevem como atacavam inimigos e civis indiscriminadamente.
"No Cáucaso, quando um de nós era morto, não havia necessidade de qualquer superior nos dizer o que fazer. Nós só pegávamos nossas pistolas e atirávamos em tudo que estava à vista, mulheres, crianças, tudo", conta um soldado alemão chamado Kehrle em um trecho do livro.
Diversão - Além de serem indiferentes à vida humana, alguns soldados viviam a guerra mais como uma grande aventura do que como um pesadelo. “Para os pilotos, atirar em inimigos era divertido, mas não tanto por matar pessoas e sim por derrubar o inimigo. Você pode compará-los à reação de pessoas jogando no computador, era como um esporte para eles”, disse ao site de VEJA um dos autores do livro, Sönke Neitzel.
Um exemplo desse deleite em matar pode ser verificado em uma passagem que descreve o diálogo entre dois pilotos alemães competindo entre si para ver qual deles havia se divertido mais em atacar civis. "Nós descíamos com a aeronave até o nível das ruas e disparávamos nos carros que passavam. Foi ótimo e era muito divertido", gaba-se o soldado Bäumer a um companheiro de cela.
Estupros - Um dos assuntos constantemente abordados nas conversas entre os soldados era o de qualquer outro grupo de homens no mundo: mulheres. Contudo, nos relatórios, há diálogos perversos, em que eles se gabam de terem abusado de moças de nações invadidas, tentando demonstrar sua “superioridade” aos companheiros de cela. “Se alguém contava que forçou uma relação sexual com uma mulher, a reação dos outros geralmente era rir”, diz Neitzel.
Holocausto - As vítimas, entretanto, raramente surgiam nas conversas, já que para eles não havia vítimas, e sim alvos. Os judeus apareciam menos ainda: em apenas 300 registros, os soldados alemães mencionaram o holocausto, apesar de cerca de 90% deles terem conhecimento de que judeus estavam sendo assassinados. “O mais interessante é que a maioria não percebia o significado do holocausto. Às vezes, os soldados mencionam aos seus companheiros que 100.000 judeus foram mortos, e eles aceitam isso”, diz Neitzel.
“Os soldados apenas contam o que viram, e só. Para eles, é apenas uma guerra normal, onde crimes acontecem. Mas, não pensam sobre o caráter da guerra ou sobre o que isto significa. Eles estão mais interessados em armas, mulheres, promoções e em sobreviver.”
Contexto - O livro mostra que o conceito de "moralidade" não depende apenas da índole das pessoas, mas também do contexto em que elas estão inseridas. ”Eu espero que o livro abra a visão do mundo quanto à guerra, para mostrar que pessoas normais fazem coisas inacreditáveis em situações assim. Isso não ocorreu somente com soldados alemães e só enquanto durou a Segunda Guerra, acontece sempre”, diz Neitzel. “A conclusão do livro é que é preciso evitar a guerra ao máximo no âmbito da política internacional”, completa ele.
Livro revela o que pensavam soldados na Segunda Guerra
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atrocidades para nós brasileiros é quase impossível, nós somos um povo temente a deus, mais no paraguay obedecendo os superiores leia se inglaterra, destruimos até hospitais com feridos do grande irmão sul americano,cuja proporção era de 08/p1.tivemos de juntarmos com argentina,uruguai,p/vencer e matar o cmt.em chefe. solanno lopez.a ordem era destruir tudo.
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