Em ''retaliação'' a agressões, helicópteros da força internacional retomam bombardeio a palácio onde líder da Costa da Marfim está isolado
Jamil Chade - O Estado de S.Paulo
CORRESPONDENTE/GENEBRA
Helicópteros da ONU e da França dispararam ontem foguetes contra a residência do líder Laurent Gbagbo, que se recusa a deixar o poder na Costa do Marfim. O ataque seria uma resposta às agressões de partidários de Gbagbo.
"Foi uma retaliação à série de ataques dos últimos quatro dias não apenas contra a ONU, mas também contra civis", declarou o porta-voz da ONU, Hamadoun Toure. As forças de Gbagbo estariam usando "armamento pesado" em suas ofensivas, completou Toure.
O líder marfinense recusa-se a deixar oficialmente a presidência, embora a ONU e praticamente toda a comunidade reconheçam seu rival, Alassane Ouattara, como o legítimo vencedor da eleição de novembro. Ao aferrar-se ao poder, Gbagbo lançou novamente a Costa do Marfim em uma espiral de violência.
Ouattara declarou-se na semana passada presidente legítimo do país. ONGs e observadores internacionais, porém, acusam suas tropas de promover estupros, assassinatos, queimas de vilarejos e massacres na guerra pelo poder.
Uma investigação da ONU já havia alertado para os crimes por parte de milícias ligadas ao campo de Ouattara, o que obrigou a cúpula das Nações Unidas a se reunir com o presidente eleito para cobrar explicações. Uma análise da Human Rights Watch revelou que as "operações" trataram-se de verdadeiros massacres no oeste do País.
Por dias, a ONU tentou mediar uma negociação entre a França e Gbagbo para permitir a rendição do líder marfinense. Fechado em sua residência e protegido por um pequeno exército, Gbagbo é acusado pela ONU de ter usado o período da negociação para rearmar suas tropas e lançar um contraataque.
Ouattara tentou dar a impressão de que controlava o país e a cidade, anunciando que Gbagbo estava cercado e serviços básicos voltariam a ser oferecidos à população. Mas, no sábado, o hotel que serve de sede do governo de Ouattara foi bombardeado pelas forças de Gbagbo.
A atitude de Gbagbo foi duramente criticada pelo governo dos EUA e pela ONU, que o acusam de estar "prolongando o sofrimento de milhares de pessoas". Ahoua Don Mello, porta-voz de Gbagbo, negou que o ataque tenha ocorrido. Mas confirmou que o presidente apela para que a população resista às tropas francesas, "mascaradas de tropas de paz da ONU."
ONU e França voltam a atacar Gbagbo
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