Na TV, ditador pede trégua, mas ameaça levar guerra a nações da Otan
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Muamar Kadafi advertiu neste sábado os países da Otan, aliança militar ocidental que combate as forças leais ao ditador, que a guerra pode se estender às próprias nações que compõem o grupo. Em discurso televisionado, o ditador afirmou que "os líbios são livres para levar a guerra até o território do inimigo, têm a razão e eu não posso impor um veto se esta for sua decisão".
No discurso, pronunciado por ocasião do centenário de uma batalha travada contra as forças italianas, Kadafi reprovou a decisão da Itália de voltar a lançar uma agressão contra a Líbia e empregar seu poderio militar para "matar líbios", segundo o texto divulgado pela agência oficial de notícias Jana. "Onde estão o tratado de amizade e o acordo de não agressão? Onde está meu amigo Berlusconi? Onde está o Parlamento italiano?", questionou o coronel, referindo ao premiê da Itália, Silvio Berlusconi. Kadafi ressaltou que, se o petróleo for o motivo da agressão ocidental, "assinaremos contratos com suas empresas. Não precisamos de uma guerra para isso".
Mais uma vez, o ditador descartou a hipótese de deixar o poder e abandonar o país. "Não vou abandonar meu país. Ninguém pode me obrigar a deixar meu país, e ninguém pode me dizer para não brigar pelo meu país." Ele acrescentou que está disposto a um cessar-fogo. "A (Líbia) esteve pronta até agora para entrar em um cessar-fogo... mas o cessar-fogo não pode ser de uma só parte", disse.
Kadafi também defendeu negociações com a Otan para pôr fim aos bombardeios aéreos. "Nós não os atacamos, nem cruzamos o mar. Por que nos atacam?" Apesar da retórica, o ditador omitiu o fato de ter iniciado uma repressão violenta contra rebeldes no país, além do ataque armado contra a população civil.
Em 17 de março, o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou resolução que impõe à Líbia uma zona de exclusão aérea e autoriza o uso de "todas as medidas necessárias" para proteger a população civil das tropas de Kadafi. Dois dias depois, uma coalizão encabeçada por EUA, França e Grã-Bretanha lançou os primeiros ataques da operação Odisseia do Amanhecer: 20 caças e mais de 110 mísseis bombardearam alvos do governo.
O ditador acrescentou que, se o cessar-fogo falhar, soldados da Otan morrerão se invadirem a Líbia por terra. "Ou a liberdade ou a morte. Nenhuma rendição. Nenhum medo. Nenhuma saída", disse. Ele incentivou ainda os rebeldes a abandonar as armas, já que, segundo sua opinião, os líbios não deveriam brigar entre si. "Não podemos lutar entre nós, somos uma família", indicou Kadafi. Por fim, afirmou que as forças leais ao regime estão lutando contra "grupos da Al Qaeda".
(Com informações da agência EFE)
Kadafi: entre o cessar-fogo e a guerra ao Ocidente
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