Roberto Godoy - O Estado de S.Paulo
Controlar uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia é difícil: o país é entroncamento da aviação civil, o que vai exigir delicado controle da situação. Pior que isso, Muamar Kadafi não aceitará a restrição. A medida depende de resolução do Conselho de Segurança da ONU.
O modelo pretendido pela União Europeia é clássico - seriam estabelecidos corredores para passagem do tráfego comercial. A área vetada estaria delimitada por coordenadas. É uma ação de efeitos irreversíveis - qualquer aeronave flagrada dentro dos espaço de exceção será abatida. O termo aplica-se a aviões militares. Na dúvida, porém, vale a lei da força. Durante os dois anos de interdição no Iraque, de 2001 a 2003, houve 108 incidentes.
O objetivo da zona de exclusão é garantir o acesso à ajuda humanitária vinda do Egito e da Tunísia, além de bloquear a entrada de armas e, eventualmente, impedir a fuga de líderes do regime. A aplicação do veto passa antes por um ataque de precisão, destinado a "remover a capacidade de defesa da Líbia", segundo disse ontem o general americano James Mattis. Não é tão simples.
Entre as forças de Kadafi, as unidades da artilharia antiaérea seriam as menos comprometidas pelo longo embargo de 24 anos, só levantado em 2004. Os recursos operacionais são oito lançadores quádruplos dos mísseis franceses Crotale, de tecnologia dos anos 70 e alcance na faixa entre 11 km e 16 km.
Mais moderno, o míssil russo Grail, disparado por um soldado, pode atingir alvos a 4,2 mil metros. Resta um lote de tamanho desconhecido de canhões ZSU 23/4, comprados há cerca de 30 anos da extinta União Soviética e modernizados por especialistas ucranianos. Nada disso resiste à devastadora máquina de guerra americana, que, de acordo com o general Mattis, pode estrear na operação líbia um recurso novo, o sistema Blinder - capaz de interromper as comunicações, o funcionamento dos computadores e, assim, cegar o país.
Zona de exclusão vai exigir ''remoção'' das defesas de Kadafi
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