DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
A Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) assumirá o comando das operações militares na Líbia, disse o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, após uma teleconferência com os chanceleres dos Estados Unidos, França e Reino Unido.
"O compromisso foi alcançado, em princípio, em um tempo muito curto", disse Dovutoglu a repórteres após a reunião. "A operação [militar] será entregue completamente à Otan."
De acordo com o chanceler, a transição ocorrerá "o mais rápido possível, dentro de um ou dois dias".
Embora a reunião dos países-membros na sede da aliança militar, em Bruxelas, não tenha emitido uma decisão oficial até o momento, fontes do alto escalão dos EUA, França e Reino Unido teriam reiterado o anúncio do chanceler turco.
OBAMA NEGOCIA TRANSIÇÃO
Davotuglu antecipou a decisão já prevista pelas potências no início da semana, quando o presidente americano, Barack Obama, negociou a saída dos EUA do comando da operação.
Dois dias atrás, Obama e seu colega francês, Nicolas Sarkozy concordaram sobre o uso das estruturas de comando da Otan no apoio à operação da coalizão em curso na Líbia, de acordo com um comunicado oficial do governo francês.
Poucos minutos antes, a Casa Branca tinha anunciado que os Estados Unidos, França e Reino Unido tinham concordado que a Otan deveria ter "um papel-chave" no comando da operação militar da coalizão internacional na Líbia.
Obama ligou para Sarkozy "para discutir a situação na Líbia", informou o palácio do Eliseu, sede da Presidência francesa, em um comunicado.
"Os dois presidentes destacaram com satisfação que as operações dirigidas pela coalizão permitiram limitar o número de vítimas entre as populações civis e reduziram as capacidades do coronel Gaddafi de utilizar a força contra seu povo", afirma o texto.
Os líderes "concordaram sobre a necessidade de prosseguir com os esforços para garantir a plena aplicação das resoluções 1970 e 1973" do Conselho de Segurança da ONU, que têm por objetivo proteger a população líbia das forças pró-Gaddafi.
Por último, indica a Presidência francesa, Obama e Sarkozy "concordaram sobre as modalidades de utilização das estruturas de comando da Otan no apoio à coalizão".
DIVISÔES
A participação da Otan tem dividido seus países-membros. A Itália e o Reino Unido defendem que a aliança tem melhor capacidade de coordenar os esforços. Já a França teme que a liderança da aliança atlântica possa afastar os países árabes. Há ainda os países-membros como Turquia e Alemanha, que têm objeções quanto aos ataques internacionais e se negam a participar.
"A Otan completou seus planos para ajudar a aplicar a zona de exclusão, para dar nossa contribuição, se for necessário, de forma claramente definida, ao amplo esforço internacional para proteger o povo da Líbia da violência do regime de [Muammar] Gaddafi", disse o secretário-geral Anders Fogh Rasmussen, em comunicado, sem mais detalhes.
A Otan encerra assim a fase de planejamento, que tinha sido adiada no fim de semana passado diante do racha interno. Uma fonte da aliança, citada pela agência Efe, diz que haverá uma nova fase das discussões internas, para definir qual será o papel na aplicação da zona de exclusão -- o que pode se prolongar por dias.
Os embaixadores dos países-membros voltam a se reunir nesta quarta-feira, em Bruxelas, para abordar o assunto.
JATO E VÍTIMAS
Até o momento, a quinta-feira foi marcada pela queda de um avião das forças do ditador Muammar Gaddafi -- que pela primeira vez desafiou a zona de exclusão aérea e enviou um jato de guerra para fazer ataques -- e um balanço inicial divulgado pelo governo, acusando a coalizão internacional de ter matado civis durante seus ataques a Misrata.
Um jato francês atirou e derrubou o jato de guerra. Segundo a imprensa americana, que cita oficiais americanos, o avião líbio era um Soko G-2 Galeb. Ele sobrevoava a cidade de Misrata, cidade sob controle dos rebeldes e que há dias é atacada por tanques e franco-atiradores das forças leais ao ditador Muammar Gaddafi.
O incidente, que não foi confirmado pela coalizão, seria o primeiro ato de transgressão à zona de restrição aérea no país, imposta desde sábado (19) pelas forças da operação Aurora da Odisseia, que visa ainda a proteger os civis dos ataques de Gaddafi.
Enquanto isso, o governo acusou os ataques da coalizão internacional -- que há seis dias têm atingido alvos militares na Líbia -- de terem deixado cerca de cem mortos, entre eles civis, segundo um balanço provisório divulgado por Mussa Ibrahim, porta-voz do governo.
Já um médico líbio informou à France Presse que somente em Misrata houve 109 mortos e mais de 1.300 feridos nos últimos dias.
Otan assumirá comando de operações na Líbia, diz chanceler turco
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