Mantega: não há previsão de compra de caças este ano

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A 18 dias da visita de Obama, negociação está indefinida
 

Regina Alvarez, Cristiane Jungblut e Martha Beck - O Globo
 
BRASÍLIA e RIO. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, confirmou ontem que não há previsão orçamentária para a compra de caças para a Força Aérea Brasileira (FAB) este ano. A declaração foi feita durante o anúncio do corte de R$50 bilhões no Orçamento do governo em 2011. Na pasta da Defesa, a redução dos recursos chega a R$4,38 bilhões, afetando as três Forças: Exército, Marinha e Aeronáutica.

 
- Não tem previsão para a aquisição de caças este ano. Não há recursos disponíveis. Acho pouco provável que isso aconteça - disse Mantega.


No Rio, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou que a negociação não será concluída este ano. Ele voltou a afirmar, no entanto, que o tamanho do corte em sua pasta não impedirá que o governo decida sobre a compra ainda em 2011.

 
- Não há despesa de caças neste ano. Uma coisa é decidir o início de uma negociação que leva, no mínimo, 12 meses. Isso tudo é para o ano que vem, 2012, 2013 - explicou. - Mesmo que se decidisse hoje, só entra no ano que vem, não entra no Orçamento deste ano.
 

Com saída de Lula, negociação voltou ao início
 
A FAB pretende comprar novos caças para substituir os Mirage 2000 e F5 que estão em operação. Esses caças têm vida útil até 2018. Estão na disputa pelo negócio o francês Rafale, o sueco Gripen NG e o americano F-18, da Boeing. O ex-presidente Lula já havia deixado clara a sua preferência pelos franceses durante o seu governo. O negócio só não foi fechado porque, no período eleitoral, o processo foi suspenso, e Lula acabou deixando para sua sucessora a decisão.

 
Dilma já deu sinais de que quer analisar melhor o contrato. No atual governo, há ministros que tem predileção pelo caça americano. No entanto, a 18 dias da visita do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, ao Brasil, as negociações parecem ter voltado à estaca zero. Segundo Jobim, o assunto só será tratado com a presidente Dilma em dois meses. Ele não descartou, no entanto, a possibilidade de que a decisão sobre o modelo seja tomada ainda neste semestre:

 
- Eu gostaria que fosse neste semestre, porque aí pelo menos a gente já prepara essas discussões todas. Porque é uma coisa complicada. Uma coisa é você receber uma proposta, a outra coisa é concretizar a proposta em termos contratuais. Os contratos são altamente complexos.

 
No início do governo Lula, a primeira decisão também foi de suspender a compra dos aviões. Na época, o argumento era que o governo queria concentrar suas ações no programa Fome Zero, de combate à miséria no país.

 
Divergência sobre programa de compra de submarino
 

Ontem a secretária de Orçamento Federal, Celia Corrêa, explicou que a Defesa terá que cortar despesas de custeio e também de investimento.
 
- Eles vão ter que cortar na carne. Vão ter que reduzir manutenção de operações e rever contratos.

 
Entre os contratos, ela citou programas de aquisição de submarino, navios cargueiros e helicópteros.

 
Já Jobim, ao falar sobre o programa de construção de submarino, afirmou que o mesmo não será afetado.

 
- Nós devemos privilegiar a continuidade dos projetos que têm compromissos internacionais. Os projetos nacionais podem aguardar. O Pró-Sub continuará. O KC-390 tem que continuar porque nós temos um timing importante, que é 2018. Um protótipo deve voar em 2016 e em 2018 estaria no mercado, porque em 2018 1,5 mil Hércules saem do mercado.

 
Na semana passada, o governo francês voltou a defender sua proposta de cooperação tecnológica com o Brasil associada à venda do Rafale.

 
COLABOROU: Dandara Tinoco

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